O Ministério da Saúde tem a previsão de ofertar a vacina contra a dengue primeiramente para uma parcela não definida da população entre 6 a 16 anos, como recomenda a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A estratégia foi aprovada em reunião da CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização), que aconteceu nesta segunda-feira (15).
A estratégia ainda precisa ser aprovada na CIT (Comissão Intergestores Tripartite), que irá definir quais as áreas de distribuição e também qual será exatamente esse primeiro público.
Na recomendação do grupo de assessoramento da OMS, o órgão restringiu a aplicação do imunizante para crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, de um a dois anos antes do seu contato endêmico com a doença, ou seja, aquelas de 4 e 5 anos não deveriam ser incluídas como prioritárias na vacinação.
Segundo Eder Gatti, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, o comitê técnico orienta que a pasta siga a recomendação da OMS. ” A gente já contava isso como um norteador, mas a discussão fechou bem essa questão”, disse.
Embora os grupos mais vulneráveis aos casos graves e mortes por dengue sejam crianças pequenas e idosos, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Qdenga é indicada para quem tem mais de quatro anos e para adultos com até 60 anos -não há estudos para avaliar a eficácia e a segurança da vacina fora dessa faixa etária.
Em dezembro, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina da dengue ao SUS. A imunização deve começar em fevereiro de 2024, mas não será utilizada em larga escala em um primeiro momento.
Segundo o laboratório, a previsão é que sejam entregues 5.082 milhões de doses entre fevereiro e novembro de 2024. O esquema vacinal é composto de duas doses.
Por conta desse quantitativo limitado a pasta terá que desenhar estratégias de aplicação.
Segundo o diretor, o país só irá conseguir vacinar cerca de 3 milhões de pessoas com as doses disponíveis pelo laboratório neste ano. A previsão é começar a imunizar em fevereiro.
“Isso não quer dizer que a gente vai oferecer a vacina para todo esse grupo [6 a 16 anos]. Tem uma discussão que dentro desse grupo [avalia] qual o grupo que hospitaliza mais, qual o grupo de melhor impacto. Isso pode variar e vamos procurar ficar dentro desse grupo”, disse.
Desde que o registro da vacina Qdenga foi aprovado pela Anvisa em março de 2023, postagens nas redes sociais questionavam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da demora na incorporação do imunizante ao SUS.
Atualmente, só é possível se vacinar na rede privada, onde o imunizante é ofertado por preços que variam de R$ 300 a R$ 800 a dose.
Pode receber o imunizante quem já teve dengue e também quem nunca foi infectado. No entanto, gestantes, lactantes e pessoas com alergia a algum dos componentes presentes no imunizante, quem tem o sistema imunológico comprometido ou alguma condição imunossupressora não podem ser vacinadas com a Qdenga.
No início do último mês de dezembro, o Ministério da Saúde divulgou um boletim mostrando um aumento de 15,8% nos casos de dengue no Brasil em 2023, em comparação ao ano anterior. As ocorrências saltaram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão.
RAQUEL LOPES / Folhapress