SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Brasil fora do top 10 de CEOs, descontos da Apple na China e o que importa no mercado.
*BRASIL FORA DO TOP 10 DE CEOS*
Pela primeira vez em dez anos, o Brasil não aparece entre os dez principais mercados considerados estratégicos para o empresariado mundial, mostra levantamento da PwC.
A pesquisa que ouviu 4.700 líderes empresariais pelo mundo, incluindo no Brasil, foi divulgada na abertura da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Em números:
4º lugar, em 2014, foi a melhor posição do Brasil nos últimos dez anos, conforme a pesquisa anual da PwC;
10ª foi a posição ocupada pelo país nas duas últimas pesquisas.
O que explica: a alta de juros global fez as empresas voltarem as atenções para seus mercados internos e para os EUA, onde os retornos ficaram maiores com o aperto monetário, afirma o sócio-presidente da PwC Brasil, Marco Castro.
Outros destaques do relatório:
↳ Para 39% dos executivos no mundo (33% no Brasil), as empresas que dirigem serão economicamente inviáveis em dez anos.
↳ O tempo consumido em atividades como reuniões e emails é considerado ineficiente por 40%.
↳ 60% esperam maior produtividade com os novos modelos de inteligência artificial, embora estes tenham sido adotados por apenas 1 em cada 3 empresas participantes.
↳ 41% dos CEOs afirmam aceitar retorno menor por investimentos pró ambiente, número que cai para 29% no Brasil.
Mais sobre Davos:
Pesquisa mostra como os impactos da inteligência artificial são avaliados de maneira distinta entre economistas de países ricos e pobres.
Elite presente no Fórum avalia riscos globais de outro governo Trump.
*APPLE TENTA RECONQUISTAR CHINESES*
A preocupação da Apple com a concorrência chinesa é tamanha que ela adotou no país uma estratégia raríssima: desconto nos modelos mais recentes do iPhone.
O corte nos preços chega a US$ 70 (R$ 340), o que significa um desconto de 6% a 8% no smartphone.
A empresa também reduziu US$ 112 (R$ 544) do preço de alguns notebooks MacBook Air.
A promoção começa na quinta-feira (18) e vai até domingo (21), antes do Ano Novo Lunar, que ocorre no próximo mês e é um dos maiores períodos de compras do ano na China.
Por que o mercado chinês incomoda a maçã? Os consumidores estão comprando mais smartphones desenvolvidos por empresas locais. Um exemplo é o Mate 60 Pro, da Huawei, que foi lançado no ano passado com um chip 5G e virou febre entre os chineses.
O mercado do gigante asiático é bem relevante para a Apple representa um quinto de sua receita e o freio na demanda por iPhones é apontado como a principal causa para a queda nas receitas da big tech nos últimos trimestres.
Na semana passada, a empresa perdeu para a Microsoft o posto de empresa de capital aberto mais valiosa do mundo.
*CORRETORA CHEFIADA POR SOBRINHO DE HADDAD NÃO PAGA IMPOSTOS NO BRASIL*
A Binance, maior corretora cripto do mundo, movimenta bilhões no Brasil sem pagar impostos sob o argumento de não possuir sede no país, mostra o repórter Thiago Amâncio.
A operação brasileira é chefiada por Guilherme Haddad Nazar, sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A Binance: principal corretora de criptoativos do mundo, está sob escrutínio desde o fim do ano passado, quando admitiu em um processo nos EUA ser culpada de acusações de lavagem de dinheiro e concordou em pagar US$ 4,3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) em multas.
Seu então CEO global, Changpeng Zhao (CZ, como é conhecido), também se declarou culpado e deixou o cargo na corretora.
No Brasil, a empresa esteve no alvo da CPI das Pirâmides Financeiras, em que foi caracterizada como a plataforma preferida para aplicar golpes. A comissão terminou com pedido de indiciamento tanto de Nazar, sobrinho de Haddad, quanto do ex-CEO CZ.
Com o argumento de não ter sede no país, a corretora não paga ISS (Imposto Sobre Serviço) sobre as taxas de corretagem, nem reporta à Receita Federal as transações dos usuários, para que paguem imposto de renda sobre o ganho de capital.
Em nota, a Binance disse que “atua em total conformidade com o cenário regulatório do Brasil” e que salienta aos clientes “que é de responsabilidade deles fazer o devido reporte à autoridade, no caso, a Receita Federal”.
O marco legal dos criptoativos, aprovado pelo Congresso no fim de 2022, prevê que as empresas estrangeiras que operem no mercado tenham sede no Brasil.
O BC (Banco Central), órgão responsável por definir as regras de funcionamento desse mercado, submeteu à consulta pública uma série de perguntas que nortearão o preparo de uma minuta de portaria.
*PÃO DE AÇÚCAR DISPARA; GOL TOMBA*
As ações do Grupo Pão de Açúcar e da Gol estiveram entre os destaques no pregão da Bolsa desta segunda (15) por motivos opostos.
Os papéis da varejista fecharam em um salto de 25%;
As ações da companhia aérea tombaram 6%.
O que explica:
↳ No Pão de Açúcar, a expectativa é pelo follow-on (oferta subsequente de ações) da companhia, que pode movimentar cerca de R$ 1 bilhão. Ela informou ao mercado que convocou uma assembleia para a segunda (22) que decidirá sobre a capitalização.
Os investidores esperam que o grupo francês Casino, controlador da varejista, não acompanhe a oferta.
Caso confirmado, isso reduziria a participação e a influência dos franceses na empresa brasileira, algo bem visto pelos acionistas.
↳ Na Gol, a queda das ações foi uma reação do mercado à notícia publicada pela coluna Painel S.A., da Folha de S.Paulo, no domingo (14) de que a companhia aérea avalia entrar com pedido de recuperação judicial nos EUA em até um mês.
A empresa tem enfrentado dificuldades para honrar com as dívidas de curto prazo, e o pedido de proteção contra credores mostra que sua situação financeira está longe de ser confortável.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress