SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Arcebispo de São Paulo, o cardeal dom Odilo Scherer encaminhou ofício ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), solicitando o envio das “denúncias de extrema gravidade” que o vereador disse ter recebido a respeito do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua.
Como revelou o Painel, o vereador Rubinho Nunes (União) tem articulado para fevereiro a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na qual o padre seria o principal alvo.
Em entrevista à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Leite ter recebido as acusações e que as encaminhará ao Ministério Público de São Paulo, à CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e ao Vaticano. Ele não revelou o teor do material até o momento.
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo afirma que, após tomar conhecimento da entrevista, “enviou um ofício ao referido vereador, solicitando que a suposta denúncia fosse transmitida”.
“A Arquidiocese desconhece o teor das supostas acusações mencionadas pelo vereador e lamenta não ter sido informada devidamente a seu respeito”, completa.
No começo do mês, a Arquidiocese disse acompanhar “com perplexidade” a possível abertura da CPI.
Formalmente, a investigação tem como objeto o trabalho das ONGs que atuam no centro de São Paulo. Nas redes sociais e em entrevistas, no entanto, o vereador Rubinho Nunes deixou claro que o principal alvo é o padre, de quem é um crítico.
Tanto é assim que a escolha das duas entidades que deverão estar no escopo da CPI, Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, e o coletivo Craco Resiste, seriam as mais próximas da atuação do padre, na leitura do vereador.
A primeira é uma entidade filantrópica ligada à igreja católica da qual o padre Júlio foi conselheiro, mas hoje não é mais. A segunda atua contra a violência policial na região da cracolândia.
O padre afirmou à coluna Painel, da Folha de S.Paulo, que não faz parte de nenhuma ONG e não tem qualquer envolvimento com projetos que envolvam dinheiro público, e que, por isso, não vê sentido em ser investigado.
GUILHERME SETO / Folhapress