Estudo da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), divulgado na última quinta-feira (11), mostra que pessoas que caíram em pirâmides financeira têm tendência de serem vítimas desses esquemas novamente.
O levantamento foi feito com 1.337 pessoas cadastradas no SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da entidade, que atua como xerife do mercado de capitais no Brasil.
De acordo com o relatório, 45% dos participantes não souberam identificar as características de uma pirâmide.
O estudo apresentou um quadro possibilidades de investimentos fictícios aos entrevistados. Dois deles possuíam características de pirâmide. A intenção era comparar o comportamento em situações de investimento regulares e irregulares.
Dos 1.377 participantes, 29,5% afirmaram já ter investido em pirâmides financeiras antes, sendo que 47,5% disseram ter sido influenciados por amigos e familiares, 22,5% por anúncios na internet e 16,3% pelas redes sociais.
Para medir a propensão dos participantes, o estudo utilizou a escala de Likert, que afere comportamentos dentro de um número determinado de opções de resposta, indo de 0 a 7.
De acordo com a pesquisa, os participantes que foram vítimas de pirâmides no passado apresentaram maiores chances de aderir a um investimento irregular de alto risco (2,03) em comparação com quem nunca caiu no esquema (1,66).
No caso de investimentos irregulares de menor risco, a discrepância existe, mas é menor. A propensão na escala Likert para vítimas ficou em 2,11, enquanto não vítimas tiveram nota 2,08.
Para Matheus Moura e Ricardo Lopes Cardoso, pesquisadores da FGV-Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas) responsáveis pela pesquisa, o principal achado do estudo é referente aos indivíduos que foram vítimas de pirâmides ou conhecem alguém que foi.
“O que chamou atenção é que eles voltariam a investir quando comparado aos que afirmaram não ter investido em pirâmides. Isso traz um novo entendimento para a prevenção e combate a pirâmides financeiras, assim como na criação de estratégias mais assertivas para combate a investimentos fraudulentos”, afirma Cardoso.
O estudo também indica que o risco é apenas responsável pela mudança no comportamento relacionado às decisões envolvendo investimentos regulares.
As vítimas de esquemas fraudulentos apresentaram maior propensão a riscos, confiança em suas habilidades de decisão, menor aversão a perdas e baixa tendência à organização.
Outro ponto é que participantes que caíram em pirâmides também possuem uma inclinação maior a influenciar novas pessoas a investirem nesses esquemas.
Entre os fatores significativos na decisão de investir em esquemas fraudulentos, somente o gênero apresentou influência nas decisões de investimento.
Participantes que se identificaram como homens apresentaram maior propensão a investir em esquemas fraudulentos do que mulheres. Fatores como renda, escolaridade e idade não foram significativos na decisão.
DICAS PARA NÃO CAIR EM GOLPES
1 – Não acredite em milagres. Desconfie de quem promete muito dinheiro sem esforço. Investir é um trabalho de longo prazo
2 – Verifique quanto a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, está rendendo ao mês. Se o prometido estiver muito acima, alguma coisa deve estar errada
3 – Antes de investir em determinada empresa, busque referências. Sites como Reclame Aqui podem ajudar, por reunirem avaliações de diferentes consumidores. Também é importante buscar informações junto aos órgãos reguladores, como Banco Central e CVM
4 – Evite o “efeito manada”. O fato de todos os seus amigos ou familiares estarem comprando determinado ativo não significa que ele também serve para você ou que seja confiável
5 – Ao investir, entenda minimamente sobre o produto e como ele se encaixa dentro da sua estratégia. Ainda que o investimento seja consistente, não significa necessariamente que ele se encaixa em seu perfil
6 – Cuidado com sinais de pirâmide. Além de promessas de ganhos irreais, pirâmides também se caracterizam por exigirem indicação de novas pessoas para garantir o lucro dos participantes
7 – Procure orientação especializada e verifique se o profissional é certificado por instituições como a CVM, Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros)
PATRICK FUENTES / Folhapress