Por Ricco Viana
Desde o início do século XX, os bonecos gigantes se tornaram uma tradição inigualável no Carnaval de Recife e Olinda, inspirados nos bonecos europeus.
O pioneiro desse costume em Pernambuco foi Zé Pereira, criado em Belém do São Francisco, no Sertão pernambucano, em 1919. Dez anos depois, sua companheira, Vitalina, foi introduzida.
Entretanto, foi somente no início da década de 1930 que essa tradição se estabeleceu em Olinda, com a criação do Homem da Meia-Noite, em 1932. Desde então, a confecção dessas imponentes figuras se consolidou entre os blocos da cidade, tornando-se uma marca registrada da folia no estado.
Um dos nomes fundamentais nesse legado é o artista plástico André Vasconcelos, que está imerso nessa tradição desde a infância, aprendendo com seu pai a arte de confeccionar os bonecos que arrastam multidões. “Desde os sete anos de idade ajudo a construir os bonecos gigantes. O que mais gosto é de confeccionar bonecos da música popular brasileira. Já fiz do Zeca Baleiro, Diogo Nogueira e este ano fiz um da Fafá de Belém”
Entre as novas personalidades que serão homenageadas este ano, estão o presidente da Argentina, Javier Milei, e o rei Charles III, do Reino Unido. Além disso, o piloto Ayrton Senna receberá uma nova versão. “Desde 2007 estamos usando técnicas mais modernas na confecção. Vivemos na era da Segunda Geração dos bonecos gigantes” afirma Leandro Castro, responsável pela Embaixada dos Bonecos Gigantes.
Ao todo, cem bonecos desfilarão no carnaval em dois cortejos. O primeiro ocorrerá na segunda-feira (12), às 10h, na Cidade Alta de Olinda, e o segundo terá início às 17h, no centro histórico da capital pernambucana. Apesar das emoções positivas que os bonecos gigantes costumam despertar, como a felicidade de Galvão Bueno ao ser homenageado nos dias de jogos da seleção, Leandro Castro recorda das polêmicas que já enfrentou com algumas homenagens.
“Na Copa de 2014, quando o centroavante do Uruguai, Luis Suarez, mordeu um jogador da Itália, nos inspiramos, e lançamos no carnaval seguinte o boneco gigante dele vestido de vampiro. Aquilo repercutiu muito no mundo inteiro”, disse Leandro.
Independentemente das opiniões, os bonecos seguem, há mais de um século, arrastando multidões em Olinda e Recife. E como um conselho típico pernambucano: é melhor não desafiar o artista plástico que eterniza sua imagem nas ladeiras pernambucanas.
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