Poesia em saco de pão: alunos de Taubaté estampam trabalhos em comemoração

Os alunos da UEI Thereza Villarta Gonçalves, no Parque Três Marias, lançam o projeto “Bom dia! Com pão, arte e poesia”.

No dia 21 de março, os alunos da UEI Thereza Villarta Gonçalves, no Parque Três Marias, lançam o projeto “Bom dia! Com pão, arte e poesia”, em comemoração ao dia mundial da poesia. A ação acontece em parceria com a padaria do bairro.

O projeto foi idealizado pelos oficineiros e auxiliares da Unidade de Ensino Integral, que trabalharam a arte da poesia com as crianças durante todo o mês de março.

 

No Dia Mundial da Poesia, logo pela manhã, as peças escritas pelos alunos começam a circular pelo bairro, impressos nos sacos de pães vendidos pelo comércio.

Toda a comunidade terá acesso também aos outros poemas escritos pelos alunos. No saco de pão haverá um QR Code para acessar todos os trabalhos, que serão disponibilizados no formato de audiobook, o que possibilita maior inclusão e acessibilidade.

 

Dia Mundial da Poesia 

O Dia Mundial da Poesia comemora-se anualmente, a 21 de março. A data foi implementada na 30.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999.

Este dia pretende salientar a importância da poesia enquanto manifestação artística comum a toda a Humanidade. Celebra-se também a criatividade, a pluralidade linguística e cultural e promove-se o ensino e declamação da poesia.

Poetas brasileiros

A data de comemoração à poesia é mundial, mas colocaremos aqui nomes na arte de fazer poesia que se destacam no território nacional. Há 25 poetas famosos e icônicos, que continuam sendo lidos no Brasil — e no exterior. Aqui, citaremos três amplamente.

1. Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)

Carlos Drummond de Andrade é considerado um dos mais importantes e influentes poetas de toda a literatura brasileira. Integrante da segunda geração do modernismo nacional, ele se tornou um dos autores mais inesquecíveis do movimento.

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

2 – Cora Coralina (1889 – 1985)

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a autora que ficou mais conhecida pelo pseudônimo literário Cora Coralina, é considerada um nome essencial da literatura goiana.

Meu Destino

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

3 – Vinicius de Moraes (1913 – 1980)

Mais conhecido como “poetinha”, Vinicius de Moraes foi um escritor, cantor e compositor insuperável na cultura brasileira.

Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

4 – Adélia Prado (1935)

5 – João Cabral de Melo Neto (1920 – 1999)

6 – Cecília Meireles (1901 – 1964)

7 – Manoel de Barros (1916 – 2014)

8 – Manuel Bandeira (1886 – 1968)

9 – Hilda Hilst (1930 – 2004)

10 – Machado de Assis (1839 –1908)

11 – Ferreira Gullar (1930 – 2016)

12- – Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)

13 – Mario Quintana (1906 –1994)

14 – Ana Cristina Cesar (1952 – 1983)

15 – Paulo Leminski (1944 – 1989)

16 – Alice Ruiz (1946)

17 – Gonçalves Dias (1823 – 1864)

18 – Castro Alves (1847 – 1871)

19 – Pagu (1910 – 1962)

20 – Augusto dos Anjos (1884 – 1914)

21 – Gregório de Matos (1636 – 1696)

22 – Gilka Machado (1893 – 1980)

23 – Olavo Bilac (1865 – 1918)

24 – Ariano Suassuna (1927 – 2014)

25 – Conceição Evaristo (1946)

 

*Edição: Nayara Francesco

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