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Estado versus crime organizado

Adelmo Pinho
Adelmo Pinho
Adelmo Pinho escreve a coluna Reflexão no TH+ Araçatuba. É articulista, cronista e membro da Academia de Letras de Penápolis e da Academia Araçatubense de Letras. Foi Procurador do Estado de São Paulo e está como Promotor de Justiça desde 1995.
Imagem Ilustrativa

Como registra a história, prender ladrão de galinha no Brasil é fácil, difícil mesmo é prender ladrão de “grande porte” . O padre Antônio Vieira escreveu sobre o assunto em 1655 no Sermão do Bom Ladrão, e Rui Barbosa em 1920, no discurso na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em São Paulo.

Séculos passaram e a história continua: pequenos ladrões são punidos e os grandes, em regra, não. Sob uma visão macro do crime, o Estado do Rio de Janeiro é o maior e pior exemplo no país da falta de efetividade de aplicação da lei e da ausência da segurança pública no combate ao crime: vê-se tomado por narcotraficantes e milícias que controlam comunidades, porque o Estado não faz o seu dever de casa.

Por óbvio, onde existe o “vazio” do Estado, os “tentáculos” do crime entram. O crime organizado tem dinheiro, age com inteligência e finca suas raízes nos Poderes e Instituições públicas. Na esfera política, através da eleição, organizações criminosas conseguem fazer representantes para a defesa dos seus interesses, já que pessoas do mal também votam.

Mas, o buraco é ainda mais embaixo, porque no Brasil a cultura da corrupção, do tráfico de influência e do “jeitinho” é arraigada desde o descobrimento. Na ótica psicopática de governantes corruptos, o público torna-se privado, com o lema: para os amigos tudo, para os inimigos a lei.

Outro fator negativo no Brasil, é que a punição de atos ilícitos de agentes ímprobos (e particulares associados com aqueles) é dificultada pela lei, favorecendo em especial os corruptos detentores de foro privilegiado (prerrogativa de função).

Cabe ao cidadão de bem esperançar e mudar esse panorama. Agir de forma correta e ética, no dia a dia, pode contribuir para essa mudança cultural. Eleger representantes comprometidos com o bem comum ajudará nesse processo. Cobrar o representante eleito sobre os compromissos de campanha também faz a diferença.

Quanto ao crime organizado, tema deste artigo, sabemos que a principal forma de o Estado o enfrentar é eliminando suas fontes de renda. Para isso, é necessário incrementar a Inteligência da Polícia, investindo e dando-lhe estrutura adequada: não adianta policial de pistola e bandido de fuzil …

Como escreveu Willian Shakespeare, na obra ´O Menestrel´: “Com o tempo se aprende que toda história ou situação sempre tem dois lados”. O lado do crime, do bandido, já sabemos, mas, o lado que não pode ser esquecido é que o Estado precisa assumir seu papel de punir criminosos grandes e pequenos – sem distinção, combater a corrupção – dinheiro que poderia ser aplicado, a exemplo, na Saúde e Educação vai pelo ralo – e fornecer Segurança Pública efetiva ao cidadão. Senão, qual a razão de se pagar tanto imposto?

Não resolve, também, a falácia no sentido de se armar o cidadão comum para enfrentar o criminoso, principalmente em se tratando de crime organizado: para isso existe o Estado e a Segurança Pública. Essa “briga” é do Estado e não do cidadão.

Não precisa ser muito inteligente para perceber que campanhas armamentistas no Brasil e mundo afora têm como pano de fundo o interesse econômico de empresas fabricantes de produtos bélicos. Enfim, cada um com os seus interesses – inclusive o crime organizado. Mas, e o cidadão de bem, como fica? 

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