Agrishow terá ministro de Lula e Bolsonaro em dias distintos para evitar saia justa

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) terá neste ano tanto a presença tanto do ministro Carlos Fávaro (Agricultura) quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A agenda escalonada de autoridades de diferentes lados do espectro político ocorre após polêmico “desconvite” ao ministro de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado.

Para evitar saia justa, cada um participará de um dia desta que é principal feira agrícola do país: Fávaro na abertura, domingo (28), e Bolsonaro no primeiro dia da feira, segunda (29). O evento será realizado em Ribeirão Preto (SP).

“A organização da Agrishow convidou diferentes autoridades para visitar a 29ª edição do evento. Todos que se interessam pelo agronegócio brasileiro e por tecnologia são bem-vindos para visitar a feira. A Agrishow 2024 estará repleta de inovações e tecnologias de ponta para aumento da produtividade da agropecuária”, afirmou a organização da Agrishow, em nota.

O ex-presidente estará acompanhado de outros bolsonaristas, como o pré-candidato a prefeito de Ribeirão Preto Isaac Antunes (PL). O governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve participar tanto da abertura na noite de domingo como de atividades do primeiro dia.

Uma outra medida adotada pelos organizadores foi antecipar para a noite de domingo a abertura -que normalmente ocorria na segunda-feira- em uma cerimônia que será realizada sem a presença de público.

A feira estará aberta ao público de segunda (29) a sexta-feira (3 de maio).

O ex-presidente já estará em Ribeirão Preto no domingo, e encontrará apoiadores em um cruzamento da cidade. E no dia seguinte vai para a Agrishow, pela manhã. “Um outro momento também que bem demonstra o que é o agro, a força do agro no Brasil”, disse Bolsonaro, em vídeo, agradecendo ao convite.

A edição do ano passado da Agrishow foi marcada pela polêmica envolvendo os organizadores do evento e o governo federal. O ministro Carlos Fávaro disse ter sido “desconvidado” para a abertura do evento.

O então presidente da feira, Francisco Matturro, teria feito essa sugestão pois haveria a presença de Bolsonaro.

O governo Lula reagiu fortemente à situação, avaliando suspender o patrocínio do Banco do Brasil à feira e cancelou agendas de executivos do banco durante os dias de evento.

Galeria Agrishow recebe estande do Banco do Brasil sob ameaça de cancelamento do patrocínio Feira teve cerimônia de abertura cancelada após um mal-estar gerado pela presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1764604181870815-agrishow-recebe-estande-do-banco-do-brasil-sob-ameaca-de-cancelamento-do-patrocinio *** “Na medida em que o evento perde sua característica institucional e na medida em que houve essa descortesia com o ministro [da Agricultura, Carlos Fávaro] e com o Banco do Brasil, que iria acompanhá-lo no evento, não se justifica mais o patrocínio”, afirmou na ocasião o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.

Apesar da declaração de Pimenta, o governo manteve o patrocínio. Por causa do mal-estar entre as partes, a abertura do evento acabou cancelada pelos organizadores.

Bolsonaro foi a Ribeirão Preto para o dia em que seria realizada a abertura da Agrishow. Participou de um evento no auditório do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), entidade do governo paulista, e discursou a ruralistas no mesmo horário em que aconteceria a cerimônia.

A participação de Fávaro na edição deste ano da feira ocorre no momento em que o governo do presidente Lula busca vencer a resistência do setor agropecuário, ainda muito próximo de Bolsonaro.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, o governo tem utilizado a pauta dos biocombustíveis como ponto de convergência de interesse com o agronegócio e uma forma de diminuir a distância com o setor.

O projeto de lei que trata dos combustíveis de base orgânica foi aprovado na Câmara em março, onde recebeu apoio da bancada ruralista. O texto contou com apoio de 429 deputados, do PT ao PL.

O motivo disso, em grande medida, é o fato de que o agro tem grande interesse na regulamentação do setor, uma vez que os biocombustíveis são feitos a partir de plantações como cana ou soja.

MARIANNA HOLANDA E RENATO MACHADO / Folhapress

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