Nova ombudsman defende valorizar contribuição do leitor

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Vinte e três anos após ingressar na Redação como “redapórter” –redatora e repórter– do caderno Ilustrada, a jornalista Alexandra Moraes, 42, assumirá no dia 3 de junho o cargo de ombudsman da Folha.

Ela substituirá José Henrique Mariante –que passa a integrar a equipe de repórteres especiais do jornal– e será a 15ª ocupante do cargo, sendo a 7ª mulher.

Sua primeira crítica interna circulará na Redação no dia 3 de junho. A primeira coluna dominical será publicada no dia 8 (dia 9, na versão impressa).

A nova ombudsman foi criada em Belo Horizonte, mas é paulista e cursou letras na USP, nas habilitações em grego e russo.

Desde 2001, passou por várias editorias na Folha, exercendo, entre outras, as funções de editora-adjunta de Ilustrada e de Especiais e editora de Ilustríssima e de Diversidade.

Desde 2021, Alexandra é secretária-assistente de Redação da área de Produção do jornal.

De 2009 a 2021 foi autora ainda das tirinhas “O Pintinho”, que renderam três livros e que na quase totalidade desses anos foram publicadas nas páginas da Folha. Ela tem três filhos.

Entre os objetivos que buscará em seu mandato -de um ano, renovável-, uma prioridade, afirma, será a valorização do leitor.

“Além do papel de se manter firme no meio dessa maré pesada de desinformação, acho que o trabalho passa também pela valorização da contribuição do leitor, desse leitor que de fato lê o jornal, que não é só um leitor de manchete, de post de rede social, mas que está interessado no conteúdo e que banca o jornal. Eu penso muito na valorização desse leitor.”

A nova ombudsman diz que as redes sociais e a possibilidade de os leitores comentarem diretamente as reportagens nas plataformas do jornal dão uma sensação de estreitamentos de laços, mas que isso pode ser ilusório.

“Talvez a gente precise de uma mediação que tente unir de uma maneira mais harmônica as duas coisas, sem perder o horizonte da crítica, que é o que realmente garante a melhoria e o crescimento do próprio produto final.”

Nesse sentido, ela destaca a necessidade de “devolver para fora da Redação” informações sobre como a engrenagem interna funciona.

“Nesse ambiente todo de desinformação, de teoria conspiratória e de ilação para todos os lados, mostrar o processo: como essa manchete foi construída, como essa reportagem foi parar no jornal, por que a gente escolhe um tema e não outro, acho que ajudar o leitor a navegar a própria construção do jornal e do jornalismo que a gente pratica.”

Ainda no sentido de valorizar os que dedicam tempo e dinheiro ao jornal, ela pontua a necessidade do aprimoramento do material entregue ao leitor, em especial os textos.

“Frequentemente a gente falha nesse aspecto, com um texto ruim, fraco, desconsiderando que quem está na outra ponta é esse leitor, não é uma fonte, um especialista”, afirma. “A gente é bom de apurar, de ir atrás das coisas, mas às vezes a forma como entregamos isso fica aquém do ideal.”

Assim como destacaram vários de seus antecessores na função, Alexandra fala da necessidade de manutenção dos pilares do Projeto Folha, como pluralismo, apartidarismo e jornalismo crítico, diante de um cenário nacional e mundial de exacerbado antagonismo político.

“É inescapável falar de polarização. O ambiente que está dado há mais de uma década é esse, polarizado, guiado por algoritmos e confirmação de vieses. E esse caldo não lida bem com as nuances, a checagem e o contraditório, que são fundamentais para o jornalismo profissional.”

E é em pontos como esse que o jornalismo de qualidade faz a diferença, completa.

A Folha foi pioneira no jornalismo brasileiro na implantação do ombudsman -palavra sueca que pode ser traduzida como “representante do cidadão”. O cargo completa 35 anos em setembro.

Além de Mariante, desde 1989 passaram pela função Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães, Carlos Eduardo Lins da Silva, Suzana Singer, Vera Guimarães, Paula Cesarino Costa e Flavia Lima.

Redação / Folhapress

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