Aliados de Lula esperam reforma ministerial após eleições municipais

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Aliados do presidente Lula (PT) dizem que o petista deve fazer novas trocas no governo até o final do ano, após as eleições municipais de outubro.

Nesta semana, o petista deslocou o ministro Paulo Pimenta, que era da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), para o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. A previsão é que ele ocupe o cargo até fevereiro de 2025.

Petistas demonstram dúvidas em relação ao retorno de Pimenta à Secom e veem a troca como o princípio de uma reforma ministerial, já que o ministro é alvo de críticas por sua atuação na pasta.

A avaliação de três ministros e uma pessoa próxima do governo, porém, é que Lula vai aguardar as eleições municipais antes de definir outras alterações. O redesenho da Esplanada dependerá da correlação de forças saída das urnas.

A tendência, indicou o presidente a auxiliares, é já preparar o governo e também o PT para as eleições gerais em 2026.

Um integrante do Planalto diz que Lula está descontente com alguns auxiliares e aponta problemas justamente na área da comunicação. Por isso uma mudança pontual antes de outubro não é descartada. A expectativa entre a maioria dos aliados é que trocas substanciais ocorram só depois do pleito.

Um nome cotado para integrar o governo na possível troca de cargos nos ministérios é o da deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela termina seu mandato na presidência do PT em fevereiro de 2025. Lula conversou com correligionários e expressou o desejo de ter o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), no comando da sigla a partir do ano que vem.

O presidente já tratou do assunto com o próprio Edinho, que também é citado como uma opção para substituir Pimenta na Secom —Edinho atuou como um dos coordenadores da campanha presidencial na área da comunicação em 2022.

Hoje, porém, a tendência é que ele assuma o PT. A presidência da legenda será ainda mais relevante no período porque englobará as eleições presidenciais de 2026. Caso isso ocorra, a entrada de Gleisi no ministério de Lula é dada como certa por petistas.

A ida de Paulo Pimenta para o novo ministério se deu por pressão do próprio ministro, um político gaúcho que almeja ser eleito governador do Rio Grande do Sul em 2026.

No lugar de Pimenta, assumiu interinamente a pasta o jornalista Laércio Portela, que atuou na Secom nos primeiros mandatos de Lula à frente do Planalto.

Nos bastidores, o ministro tem dito que pretende implantar projetos para a reconstrução do Rio Grande do Sul em um prazo de quatro a seis meses. Na sequência, espera deixar a coordenação com os ministérios responsáveis por cada medida e então retornar para a Secom.

Segundo a medida provisória que o criou, o Ministério Extraordinário do Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul deve funcionar até o início de 2025,

Além de uma eventual troca definitiva na Secom, Lula pode substituir Wellington Dias (Desenvolvimento Social). O presidente já manifestou a aliados insatisfação com o ministro.

A principal reclamação é que as ações do governo não estão sendo percebidas pela população, impactando na popularidade de Lula. Isso, avaliam aliados, é um problema de comunicação.

Entre aliados de Lula, Gleisi é cotada para a vaga de Dias ou para a cadeira de Márcio Macêdo, na Secretaria-Geral da Presidência. Macêdo foi criticado em público pelo presidente e é alvo de reclamações de petistas —um dos motivos de desgaste envolveu a participação de Lula no ato esvaziado do 1º de Maio em São Paulo.

Outra hipótese é que o próprio Pimenta venha a assumir a Secretaria-Geral da Presidência. Nesse caso, Edinho Silva comandaria a Secom.

Amigo de Lula, Macêdo poderia presidir a Fundação Perseu Abramo, hoje ocupada por Paulo Okamotto, que, por sua vez, assumiria a presidência do PT nessa equação.

Aliados de Lula afirmam que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, é cotada para o Desenvolvimento Social, responsável por programas como o Bolsa Família. Tebet, segundo afirmam, teria maior projeção à frente do Ministério do Desenvolvimento Social em relação ao Planejamento, que iria para Miriam Belchior.

Outro ministro que teria o desempenho abaixo da expectativa seria Sílvio Almeida, na pasta de Direitos Humanos, mas interlocutores do presidente lançam dúvidas sobre a hipótese de sua saída, dada a respeitabilidade conquistada nos movimentos sociais.

A determinação de Lula de evitar eventos oficiais em memória dos 60 anos do golpe militar levou o ministério comandado por Silvio Almeida a cancelar uma solenidade marcada para 1º de abril.

Essas apostas para trocas ministeriais devem mudar após as eleições municipais. O tamanho dos partidos também influenciará a sucessão no Congresso, com impacto nos ministérios.

Redação / Folhapress

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