Entenda Operação “Fim da Linha”, que envolveu Milton Leite com a Transwolff

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No início de abril deste ano, duas empresas de ônibus que atuam no transporte público da capital paulista, a UpBus e a Transwolff, foram alvo de uma operação liderada pelo Ministério Público de São Paulo em parceira com a Polícia Militar, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e Receita Federal.

Segundo promotores do Gaeco, grupo especial de combate ao crime organizado, essas empresas são suspeitas de ligação com a facção criminosa do PCC. Elas seriam usadas, segundo a tese da Promotoria, em suposta lavagem de dinheiro.

A novidade da operação foi o envolvimento da Transwolff, uma das maiores empresas do setor. A UpBus já era suspeita de ligação com o crime após operação realizada pelo Denarc (Departamento de Combate ao Narcotráfico) em 2022.

Conforme divulgou a Promotoria, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão contra dirigentes das companhias, que são responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros diariamente e que receberam cerca de R$ 800 milhões da Prefeitura de São Paulo em 2023, em subsídios.

Foram presos Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, o sócio Joelson Santos da Silva e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da empresa. Elio Rodrigues dos Santos, secretário da empresa, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma durante as buscas.

Por ordem judicial, os dirigentes das empresas também foram afastados.

O promotor Lincoln Gakiya, integrante do Gaeco –grupo do Ministério Público contra o crime organizado–, que atuou na coordenação da operação, classificou o afastamento dos diretores das empresas por ordem judicial como uma “medida inédita”. Ele também ressaltou que Transwolff e Upbus não são as únicas empresas de ônibus investigadas.

“Existem, sim, outras empresas [sobre as quais] já há inquérito policial instaurado pela Polícia Civil, com acompanhamento do Gaeco, inclusive. Provavelmente chegarão ao mesmo desfecho quando as investigações chegarem a seu término”, disse Gakiya, durante entrevista coletiva.

Os advogados de Pandora afirmam que as afirmações do Ministério Público são injustas porque a empresa não tem nenhuma ligação com o crime.

Nessa operação, o nome do vereador Milton Leite não foi citado. Somente momentos depois, tornou-se pública a informação de que ele havia sido arrolado como testemunha do processo –pondendo ser chamado pela Justiça para esclarecimentos.

Só essa menção foi compreendida pelo setor do transporte como um recado da Promotoria ao parlamentar de que ele também poderia ser um dos alvos.

Agora, a Folha revela que Milton Leite teria participação nos crimes praticados pela Transwolff, segundo afirmou a Promotoria em pedido de quebra de sigilo do parlamentar.

O vereador nega qualquer envolvimento com o crime e diz colocar todas as suas contas à disposição dos promotores. Também critica o que chama de “ilações de terceiros” .

Redação / Folhapress

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