1929/1930
A história de Maria Manoela e Idalina é mais um caso de casamento entre mulheres, a curiosidade é mais um. Realizado no civil e na igreja no ano de 1929, é tão curioso que parece imaginação, mas não, é real, e só foram descobrir no ano seguinte.
As duas se conheceram quando Idalina foi com sua família jantar na pensão que morava Dorival, nome que Manoela usava como disfarce, ali começaram a troca de olhares, despertando no pai de Idalina interesse no rapaz que jantava em uma mesa no canto do restaurante da pensão. Indagando o dono da pensão, recebeu todas informações que indicavam ser um “ótimo partido para casar com sua filha”, e não demorou para que os dois ficassem noivos. Dorival trabalhava na rua Álvares Cabral com alfaiate, pois era uma ótima costureira, digo costureiro.
Nesse ínterim, a mãe de Idalina veio a falecer, e com a chegada da madrasta, com quem Idalina não tinha boa convivência, o pai diante desse impasse familiar, se aproveitou da situação e de forma trapaceira obrigou Dorival a casar-se logo com sua filha, chegando a dar queixa de desonra ao delegado local.
Lembremo-nos que Dorival, na verdade era Maria Manoela, dessa forma como poderia esclarecer que jamais sequer havia tocado em Idalina?
Não vendo saída para sua situação, aceitou casar. Dorival só possuía o Título de Eleitor, um contratempo que foi afastado pelo escrivão Jarbas (cabo eleitoral) pois vendo em Dorival um ótimo eleitor, conseguiu por de lado todas exigências requeridas pela Lei na época, e assim no dia 1º de outubro de 1929, Dorival recebia Idalina como legítima esposa.
O casal viveu feliz por oito meses, quando devido à crise de 1929 foram para Belo Horizonte, chegando lá em 12 de junho de 1930.
Em Belo Horizonte, Dorival alugou uma casa, em local mais afastado para viver sem serem notadas e na própria residência trabalhava com afinco para dar conta das costuras a ele confiadas pela Alfaiataria Aquino.
A descoberta
Em um domingo, numa matinê de cinema, às 16h05, estava o Sr. Pedro na sala de espera aguardando a saída da sessão anterior quando notou o casal comprando ingressos para sessão, e os gestos acanhado do “rapaz” causou uma desconfiança, continuando a observar com mais atenção e quanto mais observava mais desconfiado ficava, a sessão começou e o Sr. Pedro aguardou calmamente o término.
Na saída do espetáculo, ficou observando e passou a seguir o casal, próximo da residência deles um guarda estava na ronda e foi acionado para acompanhar o casal. Quando se aproximaram da residência, o guarda questionou Dorival, pois também notou algo errado, mas ao colocar em dúvida a masculinidade do Dorival, gerou uma discussão e esta foi terminar em uma delegacia.
O delegado por via das dúvidas solicitou ao investigador que levasse o casal para exames no médico legal, feito pelo diretor médico legal, Dr. Oscar.
Diante dos exames, Dorival ou melhor Maria Manoela, resolveu confessar e contar toda a trama, foram enviadas para Ribeirão Preto separadas e Idalina foi devolvida ao pai. Maria Manoela não ficou desamparada, pois era um excelente alfaiate, e os antigos patrões ofertaram emprego. Resta saber se como Maria Manoela ou como Dorival. Mais detalhes fica para uma próxima vez com a história completa.