Flávia Saraiva supera lesões e se vê preparada para lutar por primeira medalha

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Rebeca Andrade não é o único motivo para otimismo da ginástica artística brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris. Flávia Saraiva vive o melhor momento de sua carreira e acredita na possibilidade de subir ao pódio na capital francesa.

Recuperada de problemas físicos que a atrapalharam em temporadas anteriores, a carioca de 24 anos vem de um grande 2023, com excelentes resultados no Mundial. Ela contribuiu para que o Brasil ficasse com a prata na disputa feminina por equipes e obteve o bronze no solo.

“Não tem segredo. Para fazer uma boa competição, é um bom treinamento. E, com certeza, a gente está treinando muito, agora pensando em Paris-2024. A ansiedade é grande para poder representar o país da melhor forma”, disse a atleta à Folha.

Flavinha, como é chamada pelas colegas, está em busca de sua primeira medalha olímpica. Ela passou por duas cirurgias no tornozelo direito, a última delas no fim de 2022, e levou algum tempo até ficar novamente à vontade com seu corpo.

“A Flavinha está na melhor forma da vida dela. É impressionante”, observou a ex-jogadora de vôlei de praia Adriana Samuel, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e de bronze na edição de Sydney, em 2000 -e gerente do Time Petrobras, que tem Saraiva entre seus principais nomes.

É ampla a lista de patrocinados da empresa de energia, com favoritos como Isaquias Queiroz, da canoagem, e Ana Patrícia e Duda, do vôlei de praia. Mas a equipe realmente bota fé em Flávia, que promete brigar por medalha na trave, no solo e na disputa feminina por equipes.

Ela, ao lado de Rebeca, trabalha para ampliar a lista de pódios do Brasil na ginástica artística. O país tem duas medalhas de ouro olímpicas (Arthur Zanetti, nas argolas, em Londres, em 2012, e Rebeca Andrade, no salto, em Tóquio, em 2021), três de prata (Arthur Zanetti, nas argolas, e Diego Hypólito, no solo, no Rio de Janeiro, em 2016, e Rebeca Andrade, no individual geral, em Tóquio, em 2021) e uma de bronze (Arthur Nory, no Rio de Janeiro, em 2016).

“A ginástica vem de um ano muito bom, mas a gente sabe que vem de muito antes, começando com a Dani, com a primeira medalha mundial”, afirmou Flávia, referindo-se à prata de Daniele Hypólito no solo, no Mundial de 2001, antes de mencionar o ouro de Daiane dos Santos no Mundial de 2003, também no solo: “Depois teve a Dai, primeira ginasta do Brasil a ser campeã mundial”.

Saraiva, então, fez questão de listar as conquistas de Zanetti, Hypólito, Andrade e Nory. Celebrou em seguida a conquista brasileira na disputa feminina por equipes do último Mundial. Só aí falou brevemente, timidamente, sobre o próprio desempenho em 2023, que teve ainda um recorde brasileiro: cinco medalhas nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, quatro de prata e uma de bronze.

“A gente fica muito feliz com todos esses resultados. Sabemos que isso é fruto de muito trabalho. A ginástica feminina poderia ter tido a medalha por equipe muito tempo atrás, finalmente conseguimos. Então, a gente fica muito feliz por esse resultado, e eu fico muito feliz também de ter podido ajudar na competição como eu podia”, disse.

Ela pôde ajudar porque o tornozelo direito estava firme. Não era o caso nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, o que limitou bastante sua atuação na final na trave -seu desempenho lhe rendeu a sétima colocação.

Agora, a situação é outra. O tornozelo dói. Outras partes doem constantemente, “é assim mesmo”, diz a ginasta. Porém ela assegura estar na melhor forma possível para brigar à vera por medalha nos Jogos Olímpicos de Paris.

“A gente teve os problemas das lesões nos dois últimos anos e superou. Mas quem é atleta sabe que a gente sempre tem uma dorzinha aqui, uma dorzinha ali. Mas é treinando e tratando, treinando e tratando, treinando e tratando. Não tem segredo.”

MARCOS GUEDES / Folhapress

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