SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Adriano Domingues da Costa, filmado atirando contra o carro onde estava um casal na rodovia Castelo Branco, em Boituva, na tarde de sexta-feira (14), foi preso pela Polícia Militar nesta quarta-feira (19) na cidade de Alumínio (interior de São Paulo).
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a prisão ocorreu quando o homem seguia para a Delegacia de Investigações Gerais de Itapetininga onde pretendia se entregar.
Costa era procurado pela Polícia Civil após a Justiça acatar um pedido de prisão temporária por tentativa de homicídio. A arma supostamente utilizada já havia sido apreendida na segunda-feira (17), assim como o veículo e o passaporte em nome do empresário.
A secretaria considerava Costa como foragido, situação que era negada por seu advogado, Luiz Carlos Tucho de Souza e Castro Valsecchi, que havia afirmado na segunda ter combinado com um delegado a apresentação de seu cliente. O advogado chegou a dizer que costa fez bobagem ao atirar.
A reportagem procurou Valsecchi após a prisão, mas não recebeu resposta até a publicação.
“Estamos aliviados e aguardamos que a justiça seja feita e que o indivíduo pague pelos crimes que cometeu”, disse a advogada Náyara Souza, que atua na defesa do casal após a detenção de Costa.
Costa se identifica em uma rede social como sócio de uma empresa de aluguel de móveis, como armários, mesas e cadeiras para eventos. O comércio tem sede na capital paulista e possui mais de 20 anos.
O empresário foi filmado atirando contra um Chevrolet Tracker após uma colisão seguida de briga de trânsito.
Segundo Valsecchi, os ocupantes do veículo alvo dos tiros não denunciaram seu cliente. “Soube, examinando os autos, que este inquérito policial não foi instaurado a pedido da vítima. Isso é bastante relevante, porque a vítima sequer se mobilizou para pedir a proteção do Estado ou denunciar isso ao Estado. A vítima ficou silente. Depois de tudo aquilo, foi para casa. Quem pediu a instauração do inquérito policial foi o próprio delegado.”
Parte da ação foi registrada em vídeos. Em um deles, Costa desce de um automóvel com uma arma nas mãos. Ele, que está acompanhado por uma mulher, caminha até o lado passageiro do carro em que estava o casal, desfere uma coronhada no vidro e pergunta o que eles querem. Ele e a mulher então retornam para o carro em que estavam.
Um segundo vídeo mostra Costa, já em um outro trecho da estrada, seguindo novamente em direção ao veículo do casal. Nesse instante a mulher está em contato com a central da Polícia Militar e narra o que acontece, sendo orientada pela atendente a não abaixar o vidro. Costa efetua ao menos cinco tiros. Um deles trinca o vidro dianteiro. O automóvel em que o casal estava é blindado.
Após os disparos o homem retorna para o carro em que estava. O vídeo encerra com o automóvel do casal acompanhando o do atirador.
Ambas as partes envolvidas narram versões divergentes sobre o que teria antecedido os disparos.
“Ele foi perseguido numa rodovia, jogaram o carro para cima do carro dele. Ele tentou fugir, o perseguidor estourou uma cancela de um pedágio, ficou atrás dele o tempo todo, imagens da concessionária vão demonstrar isso, e até que chegou no momento que ele parou e tirou a arma para fora”, disse Valsecchi.
“Depois que a coisa esquentou, ele, tendo a arma, fez essa bobagem. Não tivesse a arma, talvez estivesse morto também, não se sabe até onde o cara iria com essa perseguição”, acrescentou o advogado.
Já Souza, que defende o instrutor de tiros William dos Santos Isidoro, 36, e Gabrielle Martinez Gimenez, 29, que estavam no veículo que recebeu os tiros, relatou no domingo (16) que Costa bateu no veículo de seus clientes e não parou para resolver a questão de forma amigável.
“Houve uma ultrapassagem pela direita por parte do veículo Hilux, atingindo o veículo dos meus clientes na parte lateral direita. Após meus clientes pediram para o atirador parar no acostamento para resolver a questão de forma amigável, ele começou a xingar e dizer que não ia parar que a culpa era dos meus clientes por ele ter batido”, disse a advogada.
“Depois de alguns quilômetros eles pararam no acostamento o condutor da Hilux já saiu com arma em punho dando uma coronhada no vidro direito entrou no carro e evadiu-se. Alguns quilômetros mais à frente pararam novamente no acostamento momento em que o condutor da Hilux saiu novamente com a arma em punho gritando e fez os disparos”, acrescentou.
Isidoro gravou um vídeo dias depois do ocorrido onde afirmou que não estava armado.
“Eu sou instrutor de tiro, a gente conhece toda a legislação vigente. Sabemos que, no momento, não era possível estar armado. A gente não estava armado. Isso foi constatado pela polícia. Na hora que a gente parou no posto, a polícia constatou que não tinha nenhum armamento no carro como o pessoal está falando. É falso que a gente estava armado”, disse.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress