Grupo que manifestou interesse pela Sabesp é novato em saneamento

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Concorrente à privatização da Sabesp que manifestou interesse pela empresa paulista nesta quarta (26), a Equatorial tem histórico de atuação no setor de energia, mas é novata no saneamento.

Adquiriu sua primeira concessão no setor em 2021, para prestar serviços de água e esgoto no Amapá, e começou a operar, de fato, no ano seguinte.

A empresa opera hoje sete concessões de fornecimento de eletricidade no país, três delas na região Nordeste, duas no Norte, além de Rio Grande do Sul e Goiás, as duas últimas aquisições, de 2021 e 2022. Tem também negócios em geração e transmissão de energia e telecomunicações.

Começou suas operações apostando em distribuidoras em dificuldade financeira. Sua primeira aquisição, da Celpa (hoje Equatorial Pará), foi pelo valor simbólico de R$ 1: a distribuidora paraense era administrada pelo Grupo Rede e acumulava dívidas.

Com a aquisição da concessão de saneamento no Amapá, que chama de CSA, a Equatorial diz ter se formado “a primeira empresa ‘multiutilities’ [de prestação de serviços públicos] do país”. Em 2023, a companhia faturou R$ 2,6 bilhões e lucrou R$ 2 bilhões.

No Amapá, a Equatorial já operava a distribuição de energia elétrica antes de assumir também a concessão do saneamento. Venceu o leilão em 2021 com lance de R$ 930 milhões e compromisso de investimento de R$ 880 milhões.

Em relatório divulgado na ocasião, analistas da XP disseram ver um cenário desafiador para que a empresa obtivesse taxas de retorno atrativas com um lance inicial tão agressivo. Mas avaliavam que a Equatorial é “uma companhia com sólido histórico de eficiência operacional em empresas estatais”.

Ainda há poucos indicadores oficiais para avaliar o desempenho da companhia, já que os últimos dados do Snis (Sistema Nacional de Informações em Saneamento), do Ministério das Cidades, são de 2022, ano em que a Equatorial assumiu a concessão.

Naquele ano, o Amapá tinha 46,9% da população com acesso a água tratada e apenas 4,5% da população com coleta de esgoto –valores bem abaixo da média nacional, de 84,9% e 56%, respectivamente. O volume de perdas de água no sistema de distribuição chegava a 80,3%, ante uma média nacional de 37,8%.

A edição do Snis com dados de 2023, que poderiam indicar se houve avanço ou não, ainda está sendo elaborada pelo ministério.

As demonstrações financeiras da CSA mostram que a empresa obteve grande elevação na receita, de R$ 92 milhões para R$ 150 milhões, em seu primeiro ano completo de operação. O prejuízo também cresceu, de R$ 146 para R$ 234 milhões.

A companhia diz no relatório que “os resultados apurados foram melhores do que o esperado, frente ao desafio para construção e entrada em operação da empresa”.

Neste início de gestão, diz, decidiu priorizar investimentos com impacto em geração de receita, aumento da arrecadação e combate às perdas para melhorar o fluxo de caixa, saneamento do cadastro de clientes e fortalecimento de ações de cobrança e combate a fraudes.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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