SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O tiro que atingiu a cabeça e matou Edneia Fernandes Silva, 31, na praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro, em Santos, litoral paulista, em 27 de março, partiu da arma de um policial militar, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
A morte é investigada pela 3ª Delegacia de Homicídios de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar.
“A autoridade policial recebeu o laudo pericial, o qual atestou que a munição que acertou a vítima partiu da arma de um PM”, afirmou a pasta da segurança.
Ainda de acordo com a SSP, o Inquérito Policial Militar será relatado e encaminhado à Justiça Militar, com o entendimento de prática de homicídio culposo. O policial permanecerá afastado até o término de toda a fase processual.
Edneia, segundo sua irmã, Andréia Fernandes, era religiosa e falava com uma amiga sobre Jesus no momento em que foi baleada. “Ela era fiel ao senhor e foi atingida”, disse.
Naquele dia, ela havia levado um dos seis filhos ao barbeiro e comprado ovos de Páscoa. Também tinha levado roupa para consertar em uma costureira e decidiu se sentar na praça José Lamacchia para falar com a amiga.
Segundo Andréia, a irmã não costumava sair muito. “Onde ela morava é área de risco. Ela estava estudando para ser enfermeira e sair de onde morava. O sonho dela era não criar os filhos ali”, afirmou.
À época, a SSP do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que policiais militares patrulhavam a região da praça José Lamacchia quando viram dois homens em uma moto e deram ordem de parada.
Os homens teriam desobedecido a ordem e teriam disparado cinco vezes contra os policiais, que revidaram, ainda de acordo com a SSP. “Uma mulher, de 31 anos, foi atingida e socorrida por populares à UPA Zona Noroeste e, posteriormente, transferida para Santa Casa, mas não resistiu.”
Galeria Operação Verão de Tarcísio e Derrite virou segunda ação mais letal da polícia de São Paulo Ação deixou ao menos 56 mortos e foi reforçada após a morte do PM Samuel Cosmo, da Rota https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1795275740612564-operacao-verao-de-tarcisio-e-derrite-virou-segunda-acao-mais-letal-da-policia-de-sao-paulo *** A pasta afirmou ainda que os suspeitos fugiram e que a moto foi apreendida. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária de Santos.
À TV Globo testemunhas contestaram a versão oficial e afirmaram que houve apenas um disparo feito quando três motos da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) passaram pelo local.
A morte de Edneia aconteceu em meio a Operação Verão, que foi deflagrada em fevereiro, após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, durante patrulhamento de rotina.
A operação terminou em abril com 56 mortos é a segunda ação mais letal da história da polícia de São Paulo, atrás apenas do massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.
Somada com a operação Escudo, que resultou em 36 vítimas no ano passado, as duas ações totalizaram mais de 80 mortes.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress