Coreia do Norte contradiz Sul e afirma que lançamento de míssil foi bem-sucedido

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Coreia do Norte disse nesta quinta-feira (27) que foi bem-sucedida ao testar, na véspera, mísseis com múltiplas ogivas —afirmação que contradiz seu vizinho do Sul, para quem o exercício militar fracassou.

Segundo a KCNA, agência estatal de notícias de Pyongyang, o teste tinha como objetivo colocar à prova uma tecnologia que possibilita o lançamento de diferentes projéteis, cada um com um alvo diferente, a partir de um mesmo míssil.

“O objetivo era garantir a capacidade de destruir alvos individuais usando múltiplas ogivas”, disse a agência. “As ogivas móveis separadas foram corretamente guiadas para os três alvos coordenados.”

Ainda segundo a KCNA, o teste usou um motor de combustível sólido em um míssil balístico de alcance intermediário. Os mísseis de combustível sólido, que tem sido usados em testes do regime desde o ano passado, não precisam ser abastecidos imediatamente antes do lançamento, costumam ser mais fáceis e seguros para operar e requerem menos apoio logístico, o que os torna mais difíceis de detectar e mais resistentes do que as armas de combustível líquido.

A versão da Coreia do Sul é diferente. Seul afirma que seu vizinho lançou o que parecia ser um míssil hipersônico na quarta-feira (26), mas o projétil explodiu no ar. O Ministério da Defesa japonês reiterou o aliado, afirmando que o míssil caiu no Mar do Japão após percorrer mais de 200 quilômetros.

No mesmo dia, os Estados Unidos se uniram aos dois países para condenar o lançamento e afirmar que o teste viola resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma séria ameaça à paz e estabilidade da região.

Após as declarações do Norte, o porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, Lee Sung-joon, voltou a falar sobre o assunto. “Hoje a Coreia do Norte divulgou algo, mas acreditamos que seja simplesmente a demonstração da decepção e do exagero”, afirmou em uma entrevista coletiva. Ele disse ainda que as fotos divulgadas por Pyongyang sobre o teste de quarta provavelmente foram fabricadas ou recicladas de lançamentos anteriores.

O teste foi uma resposta à chegada de um porta-aviões dos EUA à Coreia do Sul, na semana passada, que fez Pyongyang prometer uma “demonstração avassaladora e nova de dissuasão”. O navio foi enviado pouco antes dos exercícios militares conjuntos entre Washington, Seul e Tóquio, que começaram nesta quinta e envolvem destróieres da marinha e caças.

Os exercícios foram concebidos em uma cúpula entre os três países no ano passado, em meio ao aumento da tensão na península coreana.

Desde então, a disputa na região não deu sinais de arrefecimento. Na semana passada, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 24 anos e assinou com o ditador Kim Jong-un um pacto de defesa mútua que o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, chamou de “anacrônico”.

Nesta quinta, a Coreia do Sul anunciou sanções a cinco entidades e oito indivíduos por transações militares entre a Coreia do Norte e a Rússia. Tanto Seul quanto Washington acusam o regime norte-coreano de fornecer armas para Moscou usar na Guerra na Ucrânia, o que Rússia e Coreia do Norte negam.

Redação / Folhapress

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