WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O esquema de segurança em torno de Donald Trump tornou-se alvo de questionamentos após o ex-presidente ser ferido por um atirador localizado nas proximidades de um comício em Butler, na Pensilvânia, no sábado (13).
O principal alvo é o Serviço Secreto, responsável pela avaliação prévia de segurança, organização do esquema e supervisão da área, coordenando outras agências, como a polícia estadual e local.
Nenhum porta-voz do órgão participou da coletiva de imprensa realizada em Butler no início da madrugada de domingo. Coube ao FBI e à polícia estadual responder as perguntas dos jornalistas.
“Não vamos fazer essa avaliação nesse momento”, respondeu Kevin Rojek, agente do FBI responsável pelo escritório de Pittsburgh, ao ser questionado se houve uma falha do sistema de segurança. “Há uma investigação em curso”, completou.
“Estamos trabalhando na avaliação do aparato montado. Vai ser uma longa investigação sobre o indivíduo, como ele teve acesso ao local, o armamento usado”, seguiu Rojek. Questionado se é surpreendente o atirador ter conseguido disparar contra o ex-presidente, o agente respondeu que sim.
O tenente-coronel George Bivens, da Polícia Estadual da Pensilvânia, disse que havia cerca de 30 a 40 policiais no local antes dos disparos. Não se sabe quantos agentes do Serviço Secreto estavam lá.
“Em defesa deles [o Serviço Secreto] é incrivelmente difícil ter um lugar aberto ao público e garantir a segurança contra um atirador determinado. A investigação vai nos dar a oportunidade para ver se houve falhas e como fazer melhor no futuro”, disse Bivens.
O tenente-coronel confirmou que a polícia recebeu denúncias de atividades suspeitas antes dos tiros serem disparados. Circulam nas redes sociais relatos de pessoas que afirmam que alertaram autoridades terem visto uma pessoa escalando um edifício com um fuzil.
Um entrevistado pela BBC afirmou que procurou a polícia para avisar ter visto a cena, mas que nada foi feito. Há ainda um vídeo de uma pessoa correndo em direção ao prédio onde o atirador estava posicionado tentando chamar a atenção da polícia de que havia alguém no telhado. É possível ver outras pessoas próximas do local.
O atirador foi morto poucos segundos após atirar por um sniper do Serviço Secreto.
Segundo Trump, a bala perfurou a parte superior de sua orelha direita. Ele passa bem.
Uma pessoa foi morta pelo atirador, segundo Rojek, e outras duas estão gravemente feridas. As três vítimas são homens.
As autoridades afirmam que ainda não podem divulgar a identidade do atirador, que não portava nenhum documento. Exames de biometria e DNA estão sendo feitos. Segundo a Associated Press, se trata de um homem branco de 20 anos morador da Pensilvânia.
Ainda não se sabe a motivação para o crime.
A investigação está sendo liderada pelo FBI em parceria com as polícias estadual e local. A tentativa de assassinato de Trump, um ex-presidente, é um crime federal e está sob jurisdição da polícia federal americana; as outras três vítimas estão sob jurisdição estadual.
Na coletiva, as autoridades divulgaram canais para envio de informações e pistas por canais virtuais e por telefone. Como havia um grande número de pessoas gravando o evento com o celular, esse material é visto como essencial para a investigação.
Não foi identificado até agora qualquer outro suspeito de participação no crime, mas Bivens afirmou que essa possibilidade não foi descartada e está sob investigação.
Rojek disse que não tem informações sobre quantos tiros foram disparados e nem sobre os ferimentos de Trump.
FERNANDA PERRIN / Folhapress