Textor alivia trauma contra o Palmeiras e fala em amor após ataque a Leila

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Em lugar algum do mundo John Textor é tão popstar quanto no estádio Nilton Santos. E a vitória do Botafogo sobre o Palmeiras, pelo Brasileiro, ajudou no enredo para que o dono da SAF aliviasse um pouco o trauma do ano passado e vivesse uma noite de euforia.

O time é líder, deu o troco no adversário que roubou o título dele e teve mais um capítulo de amor no universo alvinegro —que tem um histórico de sofrimento.

Por fazer o torcedor sonhar com esse Botafogo, Textor pode adotar a extravagância de ser anunciado pelo sistema de som quando aparece no gramado. Com a tranquilidade de que o ambiente lhe é favorável.

Tanto que, ao dar de cara para a arquibancada, ele ainda viu nesta quarta-feira (17) uma frase de apoio: “Textor, we are with you!” (Textor, estamos com você!).

Teve mais: ele puxou a fila de jogadores na chegada ao estádio e deu volta ao redor do campo acenando para a galera, além de posar para foto com torcedores que o aguardavam no lobby e com várias crianças na pista de atletismo.

O serelepe cartola alvinegro, no entanto, já tinha, àquela altura, uma dor de cabeça: contornar a atitude de alguns torcedores, que levaram a uma passarela em frente ao estádio bonecos enforcados com os rostos da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

O gesto vem após o acirramento de ânimos dos cartolas, com acusações de manipulação, críticas duras e (ameaças de) processos judiciais. Até a CPI das Apostas, em Brasília, virou palco da briga de narrativas.

Não por acaso, a torcida do Botafogo xingou Leila em dois momentos, antes e depois da vitória: “Tomar no c…, Leila”, para a presidente que não foi ao estádio. Mas quando o boneco apareceu, o clube achou por bem agir de alguma forma para baixar a temperatura.

Do lado de Textor, o humor leve foi motivado pelo ótimo jogo que o Botafogo fez. Não só por ter vencido por 1 a 0, mas pela organização e postura do time.

Esse Botafogo faz novamente o torcedor acreditar no título. E imaginar que o derretimento técnico e psicológico do ano passado não aconteça de novo. A virada sofrida na oportunidade anterior em que o Palmeiras veio ao Nilton Santos foi o retrato da vergonha alvinegra em 2023. A ressalva é que o duelo desta vez foi pelo primeiro turno do Brasileiro, com muita coisa ainda para acontecer no campeonato.

Como Textor não invadiu o gramado para espinafrar a arbitragem, reclamar de qualquer lance e bradar que há corrupção no futebol brasileiro, como fez ano passado, ficou mais fácil se tornar o pregador da mensagem sobre amor.

“Uma pequena garota me deu esse bracelete, que diz ‘amor’. Isso é importante. Sempre dizemos que os campeonatos são feitos de amor e não ódio. O que foi representado hoje (no boneco) foi ódio. E isso não é o Botafogo. Isso não nos ajuda a vencer, não ajuda o time. Eu me desculpo com Leila e com o Ednaldo por isso. Isso é sobre amor e essa é a mensagem”, disse Textor, na zona mista do estádio.

A manutenção da versão pacífica do dirigente depende dos próximos capítulos, não só no Brasileirão — na CPI, no STJD ou na Justiça Comum. A história envolvendo Botafogo e Palmeiras passa pelo duelo pelas oitavas de final da Libertadores, em agosto. Os mesmos personagens estarão novamente no Nilton Santos. A ver se o papo de amor vai aparecer novamente depois do mata-mata.

ALEXANDRE ARAÚJO E IGOR SIQUEIRA / Folhapress

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