SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Convenção partidária do União Brasil realizada na manhã deste sábado (20) em São Paulo manteve a indefinição sobre se terá ou não candidatura própria na corrida à prefeitura da cidade.
Como opção na cédula de votação, os integrantes da executiva do partido na cidade, vereadores, deputados federais e estaduais votaram por delegar poderes à executiva do partido para nomear candidaturas remanescentes ou fazer coligações com outras legendas.
A decisão foi unânime. Todos os 33 delegados do partido votaram a favor.
Na prática, a decisão sobre os rumos do partido da eleição à prefeitura será tomada pela executiva da sigla, comandada na cidade pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, o que deve ocorrer até 15 de agosto, data final para o registro das candidaturas.
Na sexta-feira (19), Milton se reuniu pela manhã com o prefeito Ricardo Nunes. Apesar de declarar que o ambiente com ele “melhorou 90%”, Leite evitou garantir o apoio ao emedebista.
O deputado Alexandre Leite, presidente do diretório estadual da sigla e filho do vereador, reafirmou neste sábado que o União caminha para apoiar Nunes, o que, segundo ele, dependerá do compromisso sobre cargos no futuro governo.
O União Brasil tem a terceira maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda na TV, atrás apenas de PL e PT.
No início do mês, o vereador afirmou que a relação com o prefeito estava péssima e ameaçou desembarcar da coligação que apoia a reeleição de Nunes, composta por 10 legendas.
Na noite de quinta-feira (18), o partido aumentou a pressão sobre Nunes ao ameaçar lançar Milton candidato à prefeitura durante a convenção. No portão do diretório, uma imagem com a silhueta de Leite e a pergunta “Será?” mantinha o clima de indefinição.
Integrantes da legenda também não descartam a possibilidade de apoio a Pablo Marçal (PRTB), mas a possibilidade de lançar o deputado federal Kim Kataguiri (SP) é vista como remota.
Líder do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim lançou a pré-candidatura em janeiro, mas não conseguiu crescer nas pesquisas. Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 5 de julho, ele marcava 3%. Nunes aparece na liderança em empate técnico com Guilherme Boulos (PSOL), com 24% e 23%, respectivamente.
O deputado disse que se mantém na disputa e trabalha para consolidar apoio com outros integrantes da legenda.
A relação entre Milton e o prefeito ficou estremecida após pedidos não atendidos, declarações de Nunes que desagradaram o vereador e o fato de o dirigente do União Brasil ter sido preterido na escolha do vice, posto que ficou com o bolsonarista Ricardo Mello Araújo (PL).
O presidente da Câmara Municipal acabou enfraquecido por estar na mira do Ministério Público no contexto da investigação que apura se empresas de ônibus são usadas para lavar dinheiro do PCC.
Nunes afirmou, na noite desta quinta, que não sabia o que motivou as reclamações de Leite e que esperava ter o apoio do partido após a conversa com o vereador.
As convenções, que devem ser realizadas pelos partidos de 20 de julho a 5 de agosto, são reuniões formais de filiados para escolher seus candidatos e coligações na eleição.
Em 2023, Milton Leite foi eleito pela quarta vez seguida presidente da Câmara Municipal. Ao longo da gestão de Nunes, a visão de aliados do vereador é de que ele foi fiador do governo aprovando leis de interesse do Executivo e emprestando seu capital político ao prefeito, que assumiu após a morte de Bruno Covas (PSDB) em 2021.
O vereador não disputará a eleição, mas a legenda lançou 56 pré-candidaturas na expectativa de ampliar a bancada de 7 para 12 vereadores.
GÉSSICA BRANDINO / Folhapress