SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os estados de Alagoas e Rio Grande do Sul devem ser os primeiros no país com população decrescente. A queda populacional deve começar daqui a três anos, em 2027.
A projeção é do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base no Censo 2022 e em dados de natalidade, mortalidade e migração no Brasil. Os alagoanos e gaúchos encabeçam uma lista de 11 estados que devem se antecipar à média nacional e começar a perder população antes que o país como um todo atinja esse ponto o que deve ocorrer em 2042.
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A inflexão do crescimento, por ano, em cada estado
Diminuição da população começará por AL e RS, e terminará por RR e SC, ao longo de quatro décadas
SC – 2064
RR – 2064
GO – 2056
AM – 2054
MS – 2053
TO – 2049
PA – 2048
ES – 2047
AP – 2046
PR – 2045
PB – 2045
DF – 2043
CE – 2043
AC – 2043
SE – 2042
Brasil – 2042
RO – 2041
RN – 2039
PE – 2039
MG – 2039
SP – 2037
PI – 2037
BA – 2035
MA – 2034
RJ – 2028
RS – 2027
AL – 2027
Apenas MT não terá variação populacional negativa até 2070
Fonte: IBGE
Os motivos são diferentes para cada estado. O Rio Grande do Sul tem a população mais envelhecida do país, com a maior proporção de pessoas com mais de 60 anos em relação àquelas que tem até 14. Deve, portanto, chegar mais rápido ao ponto em que as mortes vão superar o número de nascimentos.
Já Alagoas está entre os estados com menores expectativas de vida perde apenas para Roraima nesse quesito e vive um contexto de baixa fecundidade e emigração para outros estados.
“Alagoas tem a ver com a fecundidade no Nordeste como um todo”, explica Marcio Minamiguchi, gerente de estimativas e projeções da população do IBGE.
“Ela já reduziu bastante, já convergiu para níveis do Sul e Sudeste, já não existe mais uma diferença nas taxas de fecundidade da maior parte dos estados do Nordeste em relação aos estados do Sul e Sudeste. E há ainda o efeito da emigração, que é um pouco maior no caso do Nordeste, que tem as perdas populacionais para outras regiões.”
Em geral, o Sudeste e os outros estados do Nordeste devem acompanhar Rio Grande do Sul e Alagoas nos anos seguintes. As mesmas condições se aplicam a essas regiões: elas têm populações mais velhas, em média, do que outras parte do país e taxas de fecundidade mais baixas.
Rio de Janeiro, que tem a população com o segundo maior índice de envelhecimento no país, deve viver sua inflexão no crescimento populacional em 2028. O mesmo deve ocorrer com outros sete estados na década de 2030.
O índice de envelhecimento é calculado com base na proporção de pessoas com mais de 60 anos em relação àquelas com idades de 0 a 14. Se ele é de 50, por exemplo, isso significa que naquele estado há 50 pessoas com mais de 60 anos para cada 100 que têm até 14 anos.
Por isso, quando o valor está acima de 100, quer dizer que o estado tem mais idosos do que crianças. Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro hoje são os únicos estados nessa condição.
As projeções do IBGE mostram que a distribuição da população mais velha pelo país deve mudar consideravelmente nas próximas quatro décadas e meia.
Hoje, os estados com as maiores proporções de idosos concentram-se no Sudeste. Em 2070, esse índice será liderado por Bahia, Piauí e Distrito Federal.
Se hoje no Brasil há, em média, 77 pessoas com mais de 60 anos para cada cem de até 14, isso deve mudar drasticamente nas próximas décadas. Em 2070, nenhum estado terá uma proporção menor do que dois idosos para cada criança. O índice de envelhecimento nacional será de 316.
“A cada ano, vamos ter menos mulheres entrando no período reprodutivo”, diz Minamiguchi. “Então, vai haver menos pessoas potencialmente aptas a se tornar mães, mesmo. Com isso, você acaba potencializando a redução do nível de nascimentos.”
TULIO KRUSE / Folhapress