Autor quer Xaviera de volta e rebate críticas por representação do Nordeste

ARACAJU, SE (FOLHAPRESS) – Autor de “No Rancho Fundo”, sucesso de audiência na faixa das 18h, Mário Teixeira quer trazer mais personagens de “Mar do Sertão” (2022) para o universo do atual folhetim. Em conversa por telefone com a reportagem, Teixeira ressaltou que seu maior desejo é retornar com Xaviera, personagem de Giovanna Cordeiro, que fez sucesso na trama interior.

Timbó (Enrique Diaz) também está na sua mira. “Quero muito que eles voltem. E estou fazendo toda a força para isso. Gosto muito da Giovanna Cordeiro. Foi uma revelação da Globo e uma descoberta do Allan Fitterman, que dirigiu as duas novelas”, diz Mário.

O fato de “No Rancho Fundo” ser uma trama com personagens de uma novela anterior lhe fez ganhar a alcunha de continuação ou spinoff de “Mar do Sertão”. Mário discorda das duas interpretações sobre a sua atual obra, que vem alcançando 20 pontos na Grande São Paulo e chegando perto dos 30 pontos no Nordeste.

“Eu não gosto da palavra continuação, assim como não gosto da palavra spinoff. Eu trouxe personagens para uma história absolutamente nova e trouxe personagens que tiveram suas vidas interrompidas em um dado momento”, afirma.

Ele dá alguns exemplos. “Sabá Bodó (Welder Rodrigues), que tinha sido preso. Floro Borromeu (Leandro Daniel) estava prestando serviço comunitário, Deodora (Debora Bloch) havia sido presa por matar ser filho na novela antiga…”, vai lembrando.

Antes de a novela começar, “No Rancho Fundo” foi criticada nas redes sociais e pelo humorista Whindersson Nunes por estereotipar nordestinos em sua caracterização. Mário Teixeira nega com toda a veemência que qualquer mudança tenha acontecido. Diz que só ouviu sobre o caso quando perguntado pela imprensa.

“Claro que não (houve mudança). Aquela foto vazou de um teste de cena, de luz, por isto estava escuro. O Allan ainda estava estudando a paleta de cores e tal. E nem teria dado tempo de mudar por causa dessa grita geral. E nem foi uma grita geral, foi uma meia dúzia de pessoas pela internet, que adora fazer esse tipo de coisa. Foi um julgamento precipitado.”

A 100ª NOVELA DAS SEIS

O autor diz que tem uma grande responsabilidade na trama. Trata-se da 100ª produção da faixa, que está no ar desde os anos 1970 na Globo. Para ele, a principal característica do horário é uma mistura de sentimentos românticos e humor.

“A novela das seis não pode faltar amor, mas isso acho que não pode faltar em novela nenhuma. Como não pode faltar nenhum sentimento humano. E todas as minhas novelas tiveram humor. Não me lembro de nenhuma obra minha que não teve. O humor serve como desabafo até de zombar da própria realidade”, diz.

Mesmo escrevendo uma novela das seis, sua obra favorita não é do horário. Trata-se de “Feijão Maravilha”, sucesso dos anos 1970, exibida às sete, e escrita por Bráulio Pedroso (1931-1990), autor da revolucionária “Beto Rockefeller” (1968), na TV Tupi.

“Era uma novela de comédia rasgada, debochada, engraçadíssima, e tinha aquele deboche brasileiro e do Bráulio. A música de abertura não poderia ir ao ar hoje. Era cantada por As Frenéticas, mas era uma música bem preconceituosa (risos). Gosto também da versão de 1975 de ‘Gabriela’, e de ‘O Bem Amado’ (1975), que é genial”, diz.

“No Rancho Fundo” ainda tem três meses no ar, já que deve terminar apenas em novembro, mas nas mãos de Mário Teixeira ela já está próxima do fim. “Gosto de trabalhar com o texto bem adiantado, até para antecipar alguma demanda do público. Já estou com os roteiros com uma frente bem confortável”, revela.

GABRIEL VAQUER / Folhapress

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