SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) fez novos ataques a Pablo Marçal (PRTB) nesta segunda-feira (9), afirmou que o influenciador está “envolvido até o nariz com o PCC” e disse não deixar que ele chegue à Prefeitura de São Paulo nestas eleições.
Nunes citou a série de ligações que Marçal possui com pessoas suspeitas de envolvimento com o PCC, chamou o empresário de mentiroso e recapitulou os áudios revelados pela Folha de S.Paulo e atribuídos ao presidente nacional do PRTB, Leonardo Avalanche, no qual afirma ter ligações com a facção criminosa.
“Eu não vou deixar, e vocês precisam, como jornalistas, ter essa responsabilidade, esse cara chegar na prefeitura. ele pode ter sentado nessa cadeira, mas cadeira da prefeitura, para ele levar essa turma do crime para lá, não”, disse o atual prefeito, que busca a reeleição, ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Nunes disse que as eleições estão ocorrendo diante do “M da mentira”, referindo-se à inicial de Marçal amplamente utilizada pelo candidato para pedir votos. Afirmou, entretanto, que as alegações do influenciador vão sendo desmascaradas no decorrer do processo eleitoral.
A campanha do atual prefeito tem utilizado das inserções e propagandas na TV e no rádio para realçar as controvérsias relacionadas ao autodenominado ex-coach, incluindo a condenação por furto qualificado em um caso de 2005 e ligações de seu partido com o PCC.
Marçal foi acusado de participar de uma quadrilha de fraudes bancárias e costuma dizer que apenas consertava computadores para o grupo. O processo, porém, desmonta essa versão. Menciona que ele indicava vítimas ao bando, sabia da fraude e foi solto após delatar supostos comparsas à Polícia Federal.
Marçal foi sentenciado a quatro anos e cinco meses em regime semiaberto em Goiás, mas os réus recorreram e, quando o caso transitou em julgado, em 2018, o crime já havia prescrito. Por isso, a sentença nunca foi aplicada. Ele sempre negou saber do esquema e, quando questionado, costuma citar a prescrição.
A inserção de Nunes na TV mostra um QR code que leva a essa sentença na íntegra, enquanto a narradora fala: “Gente, a lista é grande, é assustador. E tudo isso é fato, e tá aí para todo mundo ver. Mesmo que ele queira tanto esconder”.
Ao final, aparece uma postagem de Marçal nas redes sociais na qual ele escreveu “PCC: seja criativo nos comentários”. Outras reportagens mencionadas pela propaganda citam elos da facção com integrantes do partido do influenciador, o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro).
Na gravação, o dirigente partidário afirmou que foi o responsável pela soltura de André do Rap, apontado como chefe do tráfico internacional de drogas dentro do PCC. Ele foi condenado, posto em liberdade por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e está foragido.
Ainda no Roda Viva, questionado sobre a máfia das creches, caso na PF e do qual Nunes é um dos listados na investigação, o prefeito reiterou ter entregue todos os documentos, mesmo com o relatório da corporação ter alegado a falta de itens que refutem a suposta movimentação atípica nas contas do emedebista.
Ele novamente questionou o fato das principais atividades do inquérito terem sido retomadas na época da eleição, e negou qualquer irregularidade.
MATHEUS TUPINA / Folhapress