Pará sob fogo recebe G20 do Turismo com discurso de sustentabilidade

BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – O estado do Pará, com 6 das 20 cidades que sozinhas concentram 85% dos focos de calor do país e em situação de emergência nível dois por causa do agravamento das queimadas, recebe até sábado (21) o G20 do Turismo com enfoque no desenvolvimento sustentável.

O evento ocorre em Belém, cidade natal do ministro do Turismo Celso Sabino. No próximo ano, a capital vai receber a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.

Em meio à discussão sobre sustentabilidade com mais de 40 delegações internacionais, entre participantes do G20 e países convidados, o estado palco do encontro é um dos mais impactados pelas queimadas que acometem o país.

Na quarta-feira (18), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino cobrou do Pará e mais outros cinco estados um diagnóstico do motivo de concentrarem 85% dos focos de calor em apenas 20 municípios brasileiros.

Das 20 cidades, 6 são do Pará: Altamira, Jacareacanga, Itaituba, São Félix do Xingu, Novo Progresso e Ourilândia do Norte. Os outros municípios são Feijó, no Acre; Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Lábrea, Humaitá e Boca do Acre, no Amazonas; Aripuanã, Colniza e Nova Maringá, no Mato Grosso; Nova Mamoré, Candeias do Jamari e Porto Velho, em Rondônia; e Carcaral, em Roraima.

O Pará também é palco de megaincêndios, classificação usada para queimadas com mais de 10 mil hectares.

Como apurou a Folha de S.Paulo, um incêndio que começou no estado em 8 de agosto já queimou mais de 67 mil hectares na Terra Indígena Kayapó, na região do Xingu, segundo dados do programa Servir-Amazônia, da Nasa, que monitora a área com satélites.

Na terça-feira (17), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), decretou situação de emergência nível dois no estado devido ao agravamento das queimadas e da seca.

O decreto autoriza a mobilização de todos os órgãos e entidades estaduais para atuarem em resposta ao “desastre e reabilitação do cenário” presente no território.

Segundo o governo, o quadro tem causado impactos graves no abastecimento de água potável, agricultura, pecuária e outras atividades, além de incêndios florestais em áreas de preservação e danos à saúde devido à qualidade do ar.

Além disso, há o aumento de 200% nos focos de queimadas se comparado ao mesmo período do ano passado, ainda de acordo com o governo estadual.

Na quarta-feira (18), Barbalho foi obrigado a fazer um pouso não programado em razão da fumaça de queimadas que encobre o estado, interferindo na agenda do político.

Em Belém, cidade que recebe o G20 do Turismo, o dia foi quente e de céu descoberto na quinta-feira (19), marcada pela última reunião técnica do setor.

O encontro teve a finalização de um relatório que debateu sustentabilidade e deve ser entregue na Cúpula Presidencial do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. As discussões seguem nesta sexta-feira (20) e no sábado (21), quando ministros de turismo de diferentes países tratarão do tema com base no relatório.

A série de queimadas no Brasil tem provocado tensão e mobilização dos Poderes. Na terça-feira (17), o presidente Lula (PT) afirmou que o país não estava preparado para lidar com o problema durante reunião com os presidentes do STF, Luis Roberto Barroso, da Câmara dos Deputado, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Enquanto governadores da oposição cobram o governo por medidas contra as queimadas, Lula assinou nesta quarta-feira (18) medida provisória que destina R$ 514 milhões para o combate aos incêndios na amazônia.

A reportagem está no Pará a convite do Ministério do Turismo.

ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA / Folhapress

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