Sensores vão alertar sobre enchentes em Porto Alegre

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – Dez totens eletrônicos serão instalados em Porto Alegre para alertar sobre tempestades a fim de evitar que se repita a tragédia vivida com as enchentes neste ano no Rio Grande do Sul.

A instalação destes equipamentos é uma das medidas que integram o Plano de Ação Climática (PLAC), da prefeitura, que teve seu relatório final divulgado nesta quinta-feira (26).

O documento reúne 30 ações para preparar a cidade para possíveis eventos climáticos extremos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O relatório será transformado em projeto de lei e enviado à Câmara Municipal.

Os equipamentos são postes metálicos e serão instalados nas regiões mais afetadas pelas enchentes de maio, como as ilhas da capital gaúcha e os bairros Sarandi e Humaitá.

Dotados de sensores que realizarão medições de chuva, velocidade e direção do vento, temperatura e qualidade do ar, os totens terão alto-falantes e microfones, permitindo a comunicação entre a população e técnicos.

“Não existe uma solução milagrosa, mas nós temos que seguir essa cartilha”, afirmou o secretário do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm.

De acordo com o secretário, o principal desafio da cidade será a substituição da matriz energética do transporte, que é responsável por 67,7% das emissões de poluentes na capital gaúcha. Por isto, o plano prevê a substituição dos atuais veículos do transporte público por veículos elétricos, além da ampliação de ciclovias.

Das 30 ações definidas no Plano de Ação Climática, 13 já estão em andamento, segundo a prefeitura. Uma delas, a contratação de serviços para monitoramento meteorológico e emissão de alertas e boletins informativos terá a abertura da licitação publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial.

Também já estão em andamento medidas como a instalação de sensores e réguas para medição do nível das águas e a contratação de serviço de monitoramento da qualidade do ar.

O Plano de Ação Climática é fruto de uma cooperação técnica entre a prefeitura e o Banco Mundial, firmada durante a Conferência Mundial pelo Clima (COP27).

Essa parceria viabilizou a contratação de uma consultoria técnica formada pela WayCarbon, em consórcio com o ICLEI América do Sul, Ludovino Lopes Advogados e Ecofinance Negócios.

Inundações, tempestades, deslizamentos, ondas de calor, secas e vetores de arboviroses foram apontados como as seis principais ameaças para a capital pela Análise de Risco e Vulnerabilidade Climática (ARVC).

As medidas se estruturam em três eixos: preparar a cidade para enfrentar eventos, redução de emissões e ampliação da arborização. O plano estabelece metas até 2050 e prevê revisões periódicas, a primeira delas em 2029.

Embora o plano já estivesse sendo elaborado antes das enchentes de maio, ele precisou ser alterado após os eventos climáticos. “Tivemos que realinhar a modelagem climática que estávamos utilizando”, relatou a gerente de risco climático da WayCarbon, Melina Amoni.

Uma semana antes das primeiras mortes no contexto das chuvas de maio deste ano no Rio Grande do Sul, o Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) alertou que o estado poderia sofrer com alagamentos e inundações em regiões urbanas.

O órgão é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Uma nota técnica apontava que a falta de estrutura de Porto Alegre para enfrentar as consequências das mudanças climáticas era conhecida há pelo menos um ano.

“A falta de resiliência de Porto Alegre frente aos extremos de clima e mudança climáticas foi detectada em 2023, e este é o caso de outras grandes cidades que podem não estar preparadas para extremos climáticos como os ocorridos em 2023 ou nas próximas décadas”, diz o documento, obtido pela reportagem.

FELIPE PRESTES / Folhapress

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