SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) se esquivaram de perguntas feitas por adversários durante o debate Folha/UOL na manhã desta segunda-feira (30).
Entre os temas que ficaram sem resposta, estão o boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela esposa de Nunes em 2011; as mudanças de posição de Boulos em temas como o da Venezuela; e a origem da ideia do projeto Pé de Meia, por Tabata.
*
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
Na reta final do debate, Marçal e Boulos trouxeram à tona o boletim de ocorrência no qual a mulher de Nunes disse ter sido vítima de violência doméstica.
Nunes reagiu trazendo à tona o soco dado por um assessor de Marçal em seu marqueteiro, Duda Lima.
“Pablo Henrique, eu sou casado há 27 anos. Nunca levantei um dedo para minha esposa. O que tem de verdade é que o rapaz que agrediu o Duda Lima armou briga, rasgou a camisa para dizer que foi agredido”, respondeu Nunes.
Na sequência, Marçal insistiu na pergunta. “Por que sua mulher registrou o boletim de ocorrência? Ela estava embriagada?”.
Nunes disse que não iria cair em uma suposta armadilha de Marçal para tirá-lo do foco.
Boulos, por sua vez, disse que Nunes precisaria se explicar sobre agressão à esposa, mas que tem se esquivado de fazer isso em todos os debates.
INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO DE ABORTO LEGAL EM SÃO PAULO
O prefeito também não respondeu qual hospital da rede municipal oferece o procedimento de aborto tardio. No fim do ano passado, sua gestão interrompeu o serviço de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, o único na rede pública em São Paulo que realizava o procedimento em casos de gestação avançada, e Nunes passou a ser acusado de descumprir a legislação.
Em sua resposta, o emedebista disse apenas que a lei está sendo cumprida e explicou a interrupção do serviço na unidade, mas não mencionou onde a gestante pode ter acesso ao aborto tardio nos casos previstos na legislação.
“Esse tema acabou dando muita repercussão por causa de uma ação do PSOL”, afirmou o emedebista. “Defendo a vida desde a concepção […] o que houve foi um ajuste por técnicos para que o hospital da Cachoeirinha pudesse ser liberado para cirurgia de endometriose.”
No fim do debate, Nunes foi questionado novamente sobre o tema e disse não saber se o aborto tardio está sendo realizado em equipamentos públicos de saúde do município. “A Prefeitura de São Paulo e todas as prefeituras do país atendem a legislação. Tem quatro que fazem [aborto]. Não sei se fazem aborto tardio, sei que atendem a legislação”, respondeu.
Após o evento, a prefeitura enviou nota informando quais hospitais realizam aborto legal, novamente sem informar se alguns deles realiza o aborto tardio: Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio (Tatuapé), Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo), Hospital Municipal Tide Setúbal e Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mário Degni (Jardim Sarah)
VENEZUELA
Questionado sobre suas mudanças de posições com relação à descriminalização de drogas e à Venezuela, Boulos se esquivou.
“Tenta-se fazer debate ideológico numa eleição municipal. Alguém acha que [para] quem sai cedo do Jardim São Luís para trabalhar, a preocupação é com Venezuela ou com o ônibus lotado?”, perguntou Boulos.
“Se tem uma coisa que ninguém pode dizer de mim é não ter coerência com meus princípios.”
PROJETO QUE LIBEROU CASSINOS
Tabata não esclareceu por que não registrou voto no projeto que liberou cassinos online em dezembro do ano passado.
Questionada, ela afirmou que, “apesar de não ter esse voto específico registrado, a minha posição é conhecida”.
“Nós precisamos de uma legislação dura.”
PÉ DE MEIA
A candidata do PSB também foi questionada sobre uma reportagem do UOL que mostrou projetos parecidos com o Pé de Meia protocolados anos antes pelos deputados Idilvan Alencar (PDT) e Marília Arraes (então no PT). A candidata foi indagada se havia se apropriado da ideia de outros parlamentares, mas não foi clara na resposta.
“Acho triste que você traga aqui uma narrativa mentirosa que foi trazida pela Marina Helena no último debate. Marina Helena traz mentira, ataca adversários, eu só tenho uma coisa para dizer: quem tiver qualquer dúvida, digita Pé de Meia e vê quem é a autora do projeto.”
MARTA SUPLICY
Nunes evitou responder uma série de perguntas de Marçal sobre o fato de Marta Suplicy (PT) ter saído de sua gestão para aderir à chapa de Boulos.
Ela era secretária de Relações Internacionais de Nunes e, em uma articulação feita por Lula (PT), assumiu o posto de vice na chapa do deputado do PSOL.
“Ricardo Nunes, em dez debates eu te perguntei por que sua secretária Marta Suplicy é vice do Boulos, você não respondeu”, disse Marçal, em uma das intervenções. Nunes não respondeu novamente.
Redação / Folhapress