PSDB conta com Bolsonaro para tentar manter hegemonia em Mato Grosso do Sul

CÉZAR FEITOZA

CAMPO GRANDE

Tucanos querem eleger primeiro prefeito de Campo Grande para consolidar soberania no estado

(FOLHAPRESS) Em 04/10/2024 11h02

Mesmo tendo a hegemonia política em Mato Grosso do Sul, no comando de 51 das 79 prefeituras, o PSDB nunca elegeu um prefeito da capital Campo Grande.

Desde a redemocratização, os tucanos fecham alianças com os prefeitos da capital e começam o assédio pela filiação do político ao partido.

A estratégia deu certo com Lúdio Coelho, que deixou o PTB para o PSDB no início de sua gestão na prefeitura, em 1990. Foi a única vez em que um tucano dirigiu Campo Grande.

O partido tenta agora reverter seu histórico na capital. Lançou como candidato o deputado federal Beto Pereira e negociou alianças com todas as cores do espectro político de Mato Grosso do Sul para viabilizar sua chegada ao Executivo municipal.

Reinaldo Azambuja (PSDB) foi governador de Mato Grosso do Sul enquanto Jair Bolsonaro (PL) era presidente da República Reinaldo Azambuja/Divulgação Reinaldo Azambuja entrega presentes a Jair Bolsonaro enquanto ex-presidente toca viola **** O PSDB fechou a maior coligação de Campo Grande, com PL, PSD, PSB, Podemos, MDB, Solidariedade, Republicanos e Cidadania. As articulações nos bastidores envolveram a corrida pelo apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O partido ainda governa o estado há 10 anos –deve chegar a 12 anos, caso o atual governador Eduardo Riedel conclua o mandato em 2026. O principal nome do partido em Mato Grosso do Sul é Reinaldo Azambuja, ex-governador por dois mandatos.

O apoio do mundo político à candidatura de Beto Pereira, porém, parece não refletir na mesma proporção nas pesquisas de intenção de voto.

Ele cresceu dez pontos percentuais de agosto para a primeira quinzena de setembro na pesquisa da Quaest, alcançando 25%. Ficou em segundo lugar. A campanha do tucano avalia que ele perdeu votos após reportagens locais citarem Beto em um suposto esquema de corrupção no Detran-MS.

Beto nega as acusações. O partido tenta controlar o momento de instabilidade da campanha para chegar ao segundo turno.

A candidata que lidera as pesquisas é Rose Modesto (União Brasil). Ex-tucana, ela deixou o PSDB em 2022 após não ter apoio do então governador Reinaldo Azambuja para se lançar candidata ao Governo de Mato Grosso do Sul.

Preterida, Rose se filiou ao União Brasil e perdeu o pleito em 2022 para o tucano Eduardo Riedel. O cenário se inverteu neste ano e ela passou a ser considerada a candidata a ser batida.

Galeria Incêndios em 2024 no pantanal Fogo avança pela maior planície alagável do mundo matando animais https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1801746460139540-incendios-em-2024-no-pantanal *** Políticos históricos de Mato Grosso do Sul acreditam que Rose se manteve em primeiro lugar nas pesquisas da Quaest durante toda a campanha porque o nome dela ficou marcado no eleitorado pelas eleições anteriores.

Ela foi eleita vice-governadora em 2014 e, depois, sofreu derrotas nas eleições à Prefeitura de Campo Grande (2016) e ao Governo de Mato Grosso do Sul (2022). Foi deputada federal de 2019 a 2022.

Rose tem grande apoio do eleitorado evangélico e conservador. Consegue ainda atrair votos de apoiadores de Lula, especialmente nas periferias de Campo Grande. Tem como trunfo o fato de ter sido testada em eleições majoritárias anteriores, já conhecida por boa parte da população.

Políticos do PSDB no estado afirmaram à Folha, sob reserva, que seria trágico perder para Rose tendo preterido a candidata há dois anos. A aposta do partido na candidatura de Beto Pereira foi alta e envolveu filiar Azambuja ao PL em troca do apoio de Bolsonaro aos tucanos.

Galeria Saiba quando serão as eleições 2024, quais cargos estão em disputa e como são eleitos Primeiro turno ocorre no dia 6 de outubro https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1803380085931421-saiba-quando-serao-as-eleicoes-2024-quais-cargos-estao-em-disputa-e-como-sao-eleitos *** Na disputa ao segundo turno, a atual prefeita Adriane Lopes (PP) conta com o apoio da correligionária Tereza Cristina –senadora, ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro e nome forte ligado ao agronegócio.

Adriane ocupa a sede da Prefeitura de Campo Grande desde 2017, quando assumiu o cargo de vice-prefeita na chapa encabeçada por Marquinhos Trad (PSD). Ela foi alçada ao cargo de prefeita após a renúncia de Trad, em 2022, para disputar o governo.

A prefeita conta com índice de aprovação de cerca de 50% na capital de Mato Grosso do Sul. Pesa contra ela, porém, o fato de nunca ter encabeçado uma campanha.

Os três primeiros tentam colar em si a imagem de conservadores –cada um à sua maneira. Beto Pereira teve de excluir publicações críticas a Bolsonaro para ganhar apoio do ex-presidente; Rose arriscou acordes no violão para tocar músicas evangélicas em uma igreja da cidade.

A disputa para saber quem é o candidato conservador na eleição para a Prefeitura de Campo Grande é natural. O município é majoritariamente de direita, com forte influência do agronegócio.

Em 2022, Bolsonaro teve 63% dos votos na capital sul-mato-grossense ante 37% de Lula.

A candidata petista Camila Jara tentou transferir os dois terços do eleitorado de Lula para sua campanha. O resultado não tem sido como o planejado. Ela corre no segundo pelotão, em quarto lugar, com 8% das intenções de voto na última pesquisa da Quaest.

Camila Jara é deputada federal e tem relação próxima com Gleisi Hoffmann e a Janja. Ao contrário do que se esperava, a primeira-dama não se envolveu na campanha.

CÉZAR FEITOZA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS