Boulos e Alckmin, agora aliados, já trocaram duros ataques; relembre

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como esperado, na noite desta segunda-feira (7) o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) anunciou o seu apoio a Guilherme Boulos (PSOL) na disputa, em segundo turno, na eleição de São Paulo. O aceno era previsível já que o o deputado psolista é o candidato apoiado pelo presidente Lula na capital paulista.

Os dois agora aliados, entretanto, já trocaram fortes acusações há alguns anos. Na maior parte de sua carreira, Alckmin esteve no PSDB e atuou em campo político distinto.

Críticas e farpas nesse período ocorreram, inclusive, entre Alckmin e Lula, antes da aliança vitoriosa de 2022. Mas esse passado de rusgas não deixa de causar constrangimentos.

O histórico do ex-tucano com Boulos é bem atribulado, em razão de diversos episódios envolvendo ações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem teto), do qual o psolista foi um dos coordenadores. Um dos mais tensos ocorreu na desocupação pela Polícia Militar na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), há dez anos.

Enquanto estiveram de lados opostos, Boulos criticou Alckmin por causa dos escândalos de corrupção no Governo de São Paulo, em especial, os casos do ‘Trensalão’, que envolveu suspeita de cartel nas licitações de obras do Metrô, e das suspeitas de desvio de verbas para merenda.

Nesta quinta-feira (10), em sabatina do Grupo Globo, Boulos foi questionado sobre os apoios que têm recebido desde o primeiro turno, de Alckmin.

“O que mudou foi o Brasil. Nessa mesma época, o Lula e o Geraldo eram adversários e se criticavam com mais dureza do que as minhas críticas ao Alckmin. O que mudou não foi a personalidade das pessoas, mas nesse meio-tempo surgiu uma direita marcada pelo ódio e violência e fez com que setores que pensam diferente se unam.”

Veja alguns momentos da relação entre Alckmin e Boulos:

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NEM AMARRADO

Em março de 2022, quando já se articulava a chapa Lula e Alckmin, vencedora nas eleições daquele ano, Boulos se negou a elogiar o recém-convertido aliado, em uma entrevista ao podcast Meteoro Brasil no Youtube.

“Chamar o Alckmin para vice não é uma coisa boa, não é um bom sinal”

– Guilherme Boulos

Durante podcast em 2022

Após o apresentador do programa afirmar que agora Boulos teria que falar coisas boas sobre Alckmin, o atual deputado do PSOL respondeu “nem amarrado”.

MERENDA

Durante a eleição de 2018, na qual ambos foram candidatos à presidência, Boulos questionou em várias ocasiões sobre o caso envolvendo merenda escolar

“Alckmin cadê o dinheiro da merenda?”

– Guilherme Boulos

campanha eleitoral de 2018

A frase foi dita principalmente durante debates eleitorais e fazia referência às investigações sobre desvio de verba destinadas a comprar comida para as escolas do Estado de São Paulo, que foi governado por Alckmin em quatro ocasiões

INVASOR

A tentativa de colocar a pecha de invasor de casas em Boulos, feita por postulantes nas eleições para a Prefeitura de São Paulo deste ano, já era usada bem antes disso.

Um dos que já usaram esse tipo de afirmação foi Geraldo Alckmin, na campanha de 2018.

“Sempre trabalhei, não sou desocupado, não invadi propriedades”

– Geraldo Alckmin

campanha de 2018

SANTO

Em algumas ocasiões ao longo da campanha presidencial de 2018, Boulos ironizou Alckmin se referindo a ele como “Santo”.

O termo, segundo delatores da Odebrecht durante investigações da Operação Lava Jato, era o código usado para se referir a Alckmin na hora de falar sobre propina.

“Apesar de te chamarem assim, você não é nenhum santo”

– Guilherme Boulos

campanha de 2018

TRENSALÃO

Além de citar com frequência as investigações sobre a merenda escolar, Boulos costumava lembrar outros casos de investigações de suspeita de corrupção do governo Alckmin, em São Paulo.

“Nós sabemos que não só a questão da merenda. É o escândalo do ‘trensalão’, é o escândalo do Rodoanel, é o escândalo do Metrô, eu e meu partido não temos rabo preso. E o sentimento do povo nas ruas Alckmin é que você é o Sergio Cabral [ex-governador do Rio de Janeiro] que não tá preso”

– Guilherme Boulos

campanha de 2018

TAYGUARA RIBEIRO / Folhapress

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