CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Os candidatos à Prefeitura de Curitiba Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) aparecem tecnicamente empatados na pesquisa Quaest divulgada neste sábado (19). Trata-se da primeira pesquisa feito pelo instituto sobre o segundo turno da campanha.
Na pesquisa estimulada, Pimentel está numericamente à frente, com 42% das intenções de voto. Cristina vem em seguida, com 39%. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos. Além disso, 15% disseram que vão votar branco ou nulo ou não votaria. E 4% estão indecisos.
Na pesquisa estimulada, enquanto o levantamento da Quaest apresenta aos entrevistados os nomes dos candidatos e as opções “branco/nulo” e “não votaria”, o questionário da pesquisa Datafolha apresenta apenas os nomes dos candidatos (com revezamento entre o primeiro e o segundo a ser lido a cada entrevista).
Na espontânea, os candidatos seguem empatados tecnicamente: Pimentel com 32%, e Cristina com 30%. Além disso, há 34% que se declaram indecisos. Nulos, brancos e abstenções somam 4%.
A pesquisa Quaest, contratada pela RPC-TV, realizou 900 entrevistas com eleitores de 16 anos ou mais entre os dias 16 e 18 de outubro. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número PR-08766/2024.
Pimentel e Cristina protagonizam uma campanha quente, com permanente troca de ataques. Ambos são do campo da direita. O primeiro é identificado como “direita tradicional”. Cristina é da “direita radical”.
O resultado das urnas do primeiro turno foi acirrado. Pimentel saiu na frente, com 33,51% dos votos, contra 31,17% de Cristina. O terceiro lugar ficou com o principal candidato do campo da esquerda, Luciano Ducci (PSB), que obteve 19,44% dos votos.
Em seguida, ficaram os seguintes candidatos: Ney Leprevost (União Brasil), com 6,49%; Luizão Goulart (Solidariedade), com 4,41%; Maria Victoria (PP), com 2,19%; Roberto Requião (Mobiliza), com 1,83%; Andrea Caldas (Psol), com 0,86%; Samuel de Mattos (PSTU), com 0,06%; e Felipe Bombardelli (PCO), com 0,04%.
Mais de 1 milhão de pessoas compareceram às urnas no primeiro turno: foram registrados 935.169 votos válidos, 47.728 nulos e 45.913 em branco. A abstenção foi de 27,74% (394.912 pessoas não apareceram para votar).
As três pesquisas feitas pela Quaest no primeiro turno sempre mostraram Pimentel entre os favoritos do eleitorado. Já Cristina demorou para crescer e só foi considerada uma candidata competitiva às vésperas do dia da votação.
Em 27 de agosto, Pimentel aparecia tecnicamente empatado com Ducci, Leprevost e Requião. Na pesquisa seguinte, em 17 de setembro, Pimentel se descolou dos demais adversários e Requião derreteu. O cenário apontava possibilidade de segundo turno entre Pimentel e Ducci ou entre Pimentel e Leprevost. Nas duas pesquisas, Cristina aparecia com apenas 5% das intenções de voto.
Mas, na terceira e última pesquisa feita sobre o primeiro turno, em 5 de outubro, Cristina disparou, chegando a ficar em empate técnico com Pimentel. O primeiro turno foi realizado em 6 de outubro.
Formada em jornalismo, Cristina disputa uma eleição pela primeira vez e tem o discurso da mudança. Ela diz que é contra o sistema político “podre e velho” e entre os seus motes estão “Curitiba não tem dono” e “Curitiba livre”. Também se define como candidata da “direita raiz” e “voz dos conservadores”.
Segundo ela, que está filiada a uma legenda nanica, o sistema eleitoral a asfixiou no primeiro turno, já que não teve tempo de televisão e não foi convidada para todos os debates. Ela também repete que não tem dinheiro do partido e, até sexta-feira (18), arrecadou quase R$ 760 mil para a campanha com doações de pessoas físicas.
O maior doador é o empresário bolsonarista Otavio Oscar Fakhoury, indiciado pela CPI da Covid por financiar divulgação de fake news na época da pandemia. Ele contribuiu com R$ 50 mil.
Cristina segue toda a cartilha bolsonarista e, na época da pandemia, se engajou contra a vacinação. Ainda no primeiro turno da campanha, ela anunciou a médica Raíssa Soares como futura secretária da Saúde, em caso de vitória nas urnas. Ex-secretária em Porto Seguro (BA), Raíssa Soares foi alvo do Ministério Público da Bahia por propagar fake news sobre a vacina e estimular o ineficaz “tratamento precoce” contra a doença.
Atual vice-prefeito da cidade, Pimentel tem explorado o comportamento negacionista da adversária em sua campanha. Ele aparece nas peças dizendo que é o candidato da ciência, contra o obscurantismo. Também explora o fato de a rival não ter experiência na administração pública, e pede para o eleitor não entrar “nesta aventura”.
Pimentel é um nome escolhido pelo grupo político que hoje está no poder e já arrecadou quase R$ 13,5 milhões para a campanha. A maior parte vem do fundo eleitoral do PSD nacional (R$ 7 milhões) e do PSD estadual (R$ 4,3 milhões).
Pouco experimentado nas urnas (foi eleito duas vezes para vice-prefeito, apenas), Pimentel tem fortes cabos eleitorais, como o prefeito Rafael Greca (PSD) e o governador Ratinho Junior (PSD), e concorre respaldado por uma coligação de oito partidos.
Entre as siglas, está o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na véspera do primeiro turno, contudo, o ex-mandatário apareceu em um vídeo publicado por Cristina no qual diz que torce pela candidata, embora não possa “abrir o voto”.
CATARINA SCORTECCI / Folhapress