Não faço política com ressentimento, diz Boulos sobre sabatina com Marçal; Nunes vê ‘desespero’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O candidato Guilherme Boulos (PSOL) disse não fazer política com ressentimento ao justificar sua participação em sabatina online com Pablo Marçal (PRTB). O encontro, proposto pelo influenciador, foi marcado para esta sexta-feira (25), às 12h.

Pelas redes sociais no fim da tarde desta quinta, Boulos afirmou que aceitou o desafio e vai participar da sabatina. “O Nunes vai aparecer ou sumir?”, escreveu o psolsita.

Ao longo da campanha, o candidato do PSOL foi um dos principais alvos de ofensas, factoides e mentiras divulgadas pelo autodenominado ex-coach, incluindo a divulgação de um laudo falso sobre uso de cocaína.

No primeiro turno, por exemplo, disse que suas filhas choraram ao ouvirem acusações contra o pai e que acusações de Marçal tentam ferir sua família, sua história e sua reputação.

Agora, atrás nas pesquisas do 2º turno, o deputado federal afirma que seu objetivo é dialogar com os eleitores de Marçal, que teve 28% dos votos na capital paulista.

“Eu não faço política com ressentimento ou rancor”, desconversou, ao ser indagado se sua ida representaria uma normalização da figura do influenciador no debate público.

“Diálogo que quero fazer é com as pessoas que votaram nele, que apostaram nele no primeiro turno”, afirmou, aproveitando para alfinetar Nunes pelas ausências em debates no segundo turno.

“A minha diferença para o meu adversário é que eu tenho peito de vir aqui em frente ao mercado de São Miguel, abrir o microfone sobre mim e fazer qualquer pergunta”, disse ele após evento na zona leste no qual declarou também que “topar diálogo não é fortalecer uma figura”.

“Não me recuso a dialogar com ninguém, acho que o diálogo faz parte da democracia, cada um que arque pela forma com que dialoga, postura que dialoga, respeito ou desrespeito que dialoga. Comigo será sempre com respeito.”

Já Nunes disse nesta quinta-feira (24) que a ida de Boulos à sabatina de Marçal é fruto de desespero pelo fato de estar atrás nas pesquisas de intenção de voto.

O prefeito afirmou que “para um candidato que não foi para o segundo turno”, o autodenominado ex-coach tem “recebido muita atenção”.

Indagado se o comportamento de Marçal seria comparável ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu apoiador, o emedebista se limitou a responder que “Bolsonaro foi presidente”.

Nesta quinta, Marçal se referiu ao encontro como uma “entrevista de emprego”, acrescentando que não focará no passado e fará “perguntas técnicas”.

“Vou conduzir com muito respeito. Para quem não sabe, antes de me candidatar eu era entrevistador, tenho o Marçal Talks”, afirmou em vídeo gravado no Coliseu, em Roma, na Itália. “Mandei mensagem para o Nunes no WhatsApp. Nunca troquei ideia com o Boulos, mas ele respondeu pelo Instagram que vai. Espero que o Ricardo vá.”

Em nota encaminhada à imprensa na quarta, o influenciador afirmou que a sabatina, que deve ser transmitida ao vivo em suas plataformas digitais, visa permitir que os candidatos “apresentem suas propostas e soluções para a cidade diretamente aos eleitores”.

O desafio foi lançado pelo influenciador na manhã daquele dia em suas redes sociais. “Eu chamo sem gracinha, sem diferenciação, fazer perguntas contundentes, falar aquilo que o povo quer falar. (…) Se um aparecer ou os dois aparecer [sic], o pau vai quebrar”, afirmou Marçal em vídeo.

Ainda na quarta, Boulos disse que aceitava o convite e que não tinha medo do diálogo. Aproveitou para criticar a ausência de Nunes em outros debates.

Na última semana, o candidato do PSOL cancelou a presença em três sabatinas, da revista Veja, da Jovem Pan News e da CNN.

Nunes, que faltou a entrevista, sabatina e dois debates, afirmou na quarta (23) que comparecerá ao encontro da TV Globo na sexta-feira (25) “se não tiver temporal”.

ISABELLA MENON, VICTÓRIA CÓCOLO E ANA LUIZA ALBUQUERQUE / Folhapress

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