RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O deputado estadual Igor Normando (MDB), 37, venceu neste domingo (27) o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém, superando o deputado Éder Mauro (PL), 63.
Com 99,72% das seções apuradas, o candidato apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), de quem é primo de segundo grau, tinha 56,38% dos votos válidos. Mauro, que teve o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alcançava 43,62%.
Normando vai suceder em janeiro de 2025 o atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), que tentou a reeleição, mas ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com apenas 9,78% dos votos válidos.
O emedebista fez sua campanha baseada na aliança com o governador, avaliado positivamente por 67% da população, segundo a última pesquisa Quaest. No segundo turno, ele obteve “apoio crítico” do PSOL e de Edmilson, que buscaram evitar a ascensão de um bolsonarista ao cargo.
O delegado Éder Mauro, por sua vez, contou com a mobilização do ex-presidente e de aliados na capital paraense, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Ao mesmo tempo, buscou tentar suavizar a imagem de radical, alçando como ícone de sua campanha um cachorro caramelo, com o qual aparece andando de motocicleta nos comerciais.
A eleição de Normando representa uma vitória de Barbalho no momento em que mira um projeto político nacional, ao mesmo tempo em que viu a ascensão de um ex-aliado que pode ameaçar sua liderança.
Rompido com o governador, o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel (PSB), se reelegeu com cerca de 83,5% dos votos, e desponta como um potencial nome para a disputa ao governo do Pará em 2026. Em Belém, ele decidiu aderir à candidatura de Éder Mauro para tentar minar a base de Barbalho.
Até o início deste ano, Daniel era um dos principais aliados do governador. Segundo pessoas ligadas a Helder, os dois começaram a ter divergências em 2022, durante a campanha presidencial, mas seguiam unidos. O rompimento ocorreu de fato em abril deste ano, quando Daniel deixou o MDB e se filiou ao PSB.
O principal motivo foi a escolha do candidato a vice-prefeito. Pessoas próximas do prefeito de Ananindeua relatam que Helder queria um aliado dele no cargo, enquanto Daniel preferia outro nome.
Nos bastidores, o PL acredita que a candidatura de Eder foi exitosa, apesar do resultado do segundo turno. O partido o vê como um possível candidato ao Senado nas eleições de 2026.
Normando estará no comando da cidade durante a realização da COP-30, a conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que acontecerá na cidade em 2025, após articulação do governo Lula.
Ele tem o desafio de concluir as seis obras de responsabilidade da prefeitura que precisam ficar prontas até novembro do ano que vem, entre elas a macrodrenagem da bacia hidrográfica do igarapé Mata Fome, a duplicação da avenida Bernardo Sayão, a revitalização do mercado do Ver-O-Peso e do mercado de São Brás.
O emedebista também terá de continuar lidando com alguns obstáculos enfrentados por Edmilson, que lhe reduziram a popularidade.
Como mostrou a Folha de S.Paulo em agosto, 12% dos moradores de Belém não contam com coleta regular de lixo em pelo menos um dia da semana e 80% não são atendidos por coleta de esgoto. Além disso, mais da metade da população vive em áreas classificadas como favelas, sem acesso a serviços básicos.
A produção de lixo por pessoa é superior à média no país, conforme dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do Ministério das Cidades. Enfrentar esses problemas serão dois dos principais desafios para o próximo prefeito.
Redação / Folhapress