Mulheres vencem em 2 capitais e vão governar Campo Grande e Aracaju

SÃO PAULO, SP, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Duas capitais brasileiras serão comandadas por mulheres a partir de 1º de janeiro de 2025. O resultado representa um avanço comparado a 2020, quando foi eleita apenas uma mulher prefeita de capital, mas mantêm a equidade de gênero como um horizonte distante nas capitais brasileiras nas eleições.

Neste domingo (27), saíram vitoriosas nas urnas Adriane Lopes (PP), reeleita para a prefeitura de Campo Grande (MS), e a vereadora Emília Corrêa (PL), que se sagrou vencedora em Aracaju (SE).

Também foram eleitas mulheres como vice-prefeitas em 12 das 26 capitais.

Em 2020, Palmas foi a única capital a eleger uma prefeita, a tucana Cinthia Ribeiro. Neste ano, capital do Tocantins teve uma candidata no segundo turno, a deputada estadual Janad Valcari (PL), mas ela perdeu para o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (Podemos).

Apoiada por Jair Bolsonaro, Janad foi sócia da banda Barões da Pisadinha e desde 2022 é deputada estadual. Janad teve 46,97% dos votos válidos, e Eduardo Siqueira, 53,03%.

Também foram derrotadas neste segundo turno as candidatas Maria do Rosário (PT), em Porto Alegre; Natália Bonavides (PT), em Natal; Rose Modesto (União Brasil), em Campo Grande; Cristina Graeml (PMB), em Curitiba; e Mariana Carvalho (União Brasil), em Porto Velho (RO).

As duas prefeitas eleitas neste segundo turno pertencem ao campo bolsonarista. Emília Corrêa (PL) derrotou o pedetista Luiz Roberto, que tinha o apoio do atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e do governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD).

Aracaju foi a única capital brasileira que teve maioria feminina na disputa pela prefeitura. Ao todo, foram oito candidatos a prefeito, sendo cinco mulheres.

Emília é defensora pública aposentada e se apresentou como a candidata contra o sistema e pela mudança. Ela recebeu 57,46% dos votos válidos, e Luiz Roberto, 42,54%.

As disputas em Palmas e em Aracaju eram as duas apostas do PL em mulheres nas capitais. O partido ganhou uma, perdeu outra.

Na capital sul-mato-grossense, a prefeita Adriane Lopes (PP) foi reeleita neste domingo (27) com 51,45% dos votos, derrotando Rose Modesto (União Brasil), na única disputa entre duas candidatas nas capitais no segundo turno.

Lopes assumiu o cargo em abril de 2022, após renúncia de Marquinhos Trad (PDT) para disputar o governo do estado. As duas fizeram campanha defendendo temas conversadores e com acenos à direita.

No segundo turno, Adriane teve o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto Rose preferiu manter distância dos cabos eleitorais nacionais, evitando polarização.

Rose iniciou a campanha como favorita nas pesquisas de intenções de votos. No segundo turno, ela recebeu 48,55% dos votos válidos.

Conforme apontado em reportagem da Folha de S.Paulo, a disputa pelas prefeituras das capitais brasileiras teve maior presença feminina nas eleições de 2024, mas a maioria das candidatas esteve em posição coadjuvante.

Dentre as 192 chapas registradas na Justiça Eleitoral para disputar prefeituras das capitais, 118 tiveram participação feminina —cerca de 60% do total.

A presença das mulheres como cabeça de chapa, porém, foi diminuta. Do total de candidaturas registradas nas capitais, apenas 40 foram lideradas por mulheres, o que equivale a 20,8% dos candidatos às prefeituras. Na eleição de 2020, esse percentual nas capitais foi de 18,6%.

Outras 78 chapas registradas nas capitas na eleição deste ano foram lideradas por candidatos homens com mulheres candidatas a vice-prefeita.

Apontada como uma das favoritas no início da campanha, a ex-deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil) foi derrotada no segundo turno para a Prefeitura de Porto Velho, neste domingo. Ela teve 43,82% dos votos válidos; Léo Moraes (Podemos), 56,18%.

Membro de família com tradição da política, Mariana é filha de Aparício Carvalho, que foi vereador de Porto Velho, deputado federal e vice-governador de Rondônia. Na disputa deste ano, ela teve o apoio do governador Marcos Rocha (União Brasil), do atual prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB).

Em Curitiba (PR), a jornalista Cristina Graeml (PMB) foi derrotada por Eduardo Pimentel (PSD) em mais uma disputa que dividiu a direita.

Na capital paranaense, nomes associados ao bolsonarismo, como o empresário Otávio Fakhoury, declaram apoio à Cristina, que divulgava um vídeo no qual Bolsonaro acena à sua candidatura. O vice de Pimentel é o ex-deputado Paulo Martins, do PL. Pimentel teve 57,64% dos votos válidos, e Cristina, 42,36%.

Em Porto Alegre (RS) e em Natal (RN), as candidatas derrotadas eram petistas e enfrentaram candidatos alinhados ao bolsonarismo.

Na capital gaúcha, a derrota da deputada federal Maria do Rosário já era esperada. O atual prefeito Sebastião Melo (MDB) quase levou a reeleição no primeiro turno –faltaram pouco mais de 2.000 votos para vitória. Neste domingo, Melo teve 61,53% dos votos válidos e foi reeleito.

Melo concorreu apoiado por uma ampla aliança de partidos no espectro da direita e ao centro. Sua vice é a tenente-coronel e médica veterinária Betina Worm, do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não chegou a se envolver na campanha.

A liderança do atual prefeito chegou a ser abalada pelas enchentes que deixaram um rastro de destruição por todo o estado do Rio Grande do Sul e manteve parte de Porto Alegre sob água e lama.

Em Natal (RN), a petista Natália Bonavides teve 44,66 e foi derrotada pelo deputado federal Paulinho Freire (União Brasil), que conquistou 55,34% dos votos válidos. Em 2022, ela foi a deputada federal mais votada do Rio Grande do Norte.

FERNANDA BRIGATTI, JOÃO PEDRO PITOMBO E GÉSSICA BRANDINO / Folhapress

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