Dólar oscila e Bolsa tem forte alta, com EUA e contas públicas em foco

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar oscila entre os sinais nesta segunda-feira (28), com investidores atentos a uma bateria de dados econômicos previstos para os próximos dias e à proximidade das eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Na cena doméstica, o foco se voltava às contas públicas do país, com o mercado à espera dos planos de cortes de gastos do governo federal prometidos para depois das eleições municipais.

Às 13h56, a moeda norte-americana não tinha alteração e estava cotada a R$ 5,705. Já a Bolsa tinha forte alta de 0,97%, aos 131.161 pontos, amparada pela Vale e pelo alívio nas curvas de juros futuros.

A semana começa com os mercados de olho no calendário dos Estados Unidos: na próxima terça-feira, 5 de novembro, a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris estará definida —assim como a agenda econômica que irá pautar a maior potência global pelos próximos quatro anos.

Apostas de que o ex-presidente Donald Trump poderá ganhar a eleição aumentaram de forma significativa nos últimos dias na plataforma Polymarket, ferramenta utilizada pelos investidores para observar a dinâmica do pleito.

As chances de um retorno de Trump à Casa Branca eram de 66%, e as de uma vitória da atual vice-presidente marcavam 34%.

A possibilidade de uma vitória do candidato republicano tem feito o mercado projetar os efeitos das propostas dele na economia. Entre as promessas mais alardeadas, Trump diz que, caso eleito, irá aumentar tarifas entre 10% e 20% sobre praticamente todas as importações dos EUA e em pelo menos 60% sobre as da China.

As propostas de aumento tarifário e corte de impostos são consideradas inflacionárias, o que, na política monetária, significa juros altos por mais tempo —algo positivo para o dólar.

As projeções para as eleições presidenciais se somaram às expectativas dos investidores sobre os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), que se reúne na semana que vem, entre os dias 5 e 6 de novembro, para decidir sobre os juros americanos.

Os investidores esperam cortes mais graduais a partir do próximo encontro. Dados recentes têm mostrado uma economia norte-americana mais forte do que o esperado anteriormente, com destaque para o mercado de trabalho e o consumo.

A redução de 0,25 ponto percentual agora tem 96,8% de probabilidade na ferramenta Fed Watch, e a manutenção da taxa na banda atual de 4,75% e 5% reúne os 3,2% restantes.

Nesta semana que antecede a decisão de juros, a agenda guarda divulgações macroeconômicas que podem calibrar ainda mais as expectativas para o resultado da reunião.

A quarta-feira reserva dados do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA do terceiro trimestre, enquanto a quinta-feira terá o índice PCE, indicador favorito de inflação do Fed. Na sexta, serão conhecidos os números de outubro do “payroll” (folha de pagamento, em inglês), relatório sobre o estado do mercado de trabalho americano.

“A semana é bastante cheia. Temos dados importantes aqui e lá fora. Investidores ficam na espera para tomar uma posição mais concreta”, disse Guilherme Suzuki, sócio e responsável pela área de portfólio solutions da Astra Capital.

No calendário brasileiro, a quarta-feira reserva dados de emprego do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), enquanto a quinta-feira terá a taxa de desemprego oficial do país, medida pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE.

Aqui, o mercado segue atento à cena fiscal. A expectativa é pelo anúncio de corte de gastos públicos, prometido pela ala econômica do governo para logo após as eleições municipais.

Roberto Campos Neto, presidente do BC (Banco Central), acenou ao pacote de medidas em evento do G20 na semana passada.

“Sobre os prêmios de risco, vimos uma alta nas taxas de longo prazo e nas implícitas. Acreditamos que haverá anúncios de medidas para endereçar, ao menos de modo parcial, a reação dos mercados e a situação fiscal”, disse, classificando como “exagerados” os preços do mercado nos últimos dias.

À espera de ações concretas para redução de despesas, o mercado tem demonstrado cautela, protegendo-se no dólar e exigindo mais prêmios na renda fixa. “Até que medidas concretas de contingenciamento sejam implementadas, é improvável que o dólar receba suporte definitivo do cenário local”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Os investidores também seguem atentos à trajetória da taxa básica de juros do país, a Selic. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC irá se reunir na semana que vem, também entre os dias 5 e 6 de novembro, para decidir sobre o patamar da taxa.

O colegiado reiniciou o ciclo de altas na reunião de setembro, quando optou por um aperto de 0,25 ponto percentual e levou os juros ao patamar de 10,75% ao ano. Desde então, os dirigentes têm reforçado que as próximas decisões estão à mercê dos dados econômicos, em especial os de inflação.

Considerado uma “prévia” da inflação oficial do país, o IPCA-15 acelerou a 0,54% em outubro, após marcar 0,13% em setembro. O resultado ficou acima da mediana das projeções de 0,51%, e levou o acumulado de 12 meses a acelerar para 4,47%. A taxa era de 4,12% no mês anterior.

A meta do Copom é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, na leitura atual, o IPCA-15 está bem próximo ao teto da meta, de 4,50%.

No Boletim Focus desta segunda-feira, analistas consultados pelo BC ainda subiram pela quarta semana consecutiva as projeções para o IPCA neste ano, com a expectativa agora ultrapassando a banda máxima da meta, a 4,55%.

O mercado espera um movimento mais agressivo do BC na semana que vem e projeta alta de 0,50 ponto percentual na Selic.

As curvas de juros futuros ainda têm subido por causa das pressões fiscais, indicando pessimismo do mercado em relação à trajetória das contas públicas —um dos focos de pressão inflacionária.

Nesta sessão, porém, as taxas demonstravam certo alívio, creditado, por analistas, ao tombo dos preços do petróleo no exterior.

O barril do Brent, referência para os mercados globais, caía 5,44%, cotado a US$ 71,91, depois que o ataque retaliatório de Israel contra o Irã no fim de semana não atingiu instalações petrolíferas e nucleares e não interrompeu o fornecimento de energia.

Isso afetava moedas de mercados emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, e, na cena corporativa, as ações da Petrobras caíam 0,47%.

Vale subia 1,68%, na esteira da alta do minério de ferro na China.

Também era destaque positivo a disparada de 10,82% das ações da Azul, em resposta ao acordo de financiamento adicional com credores.

Redação / Folhapress

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