Cemitérios em São Paulo recebem queixas e elogios neste Dia de Finados

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Dia de Finados teve ao mesmo tempo queixas e elogios a cemitérios administrados por concessionárias na cidade de São Paulo. Em dois deles, Consolação e Vila Formosa, houve reclamações de mato alto, pilhas de entulho, lápides quebradas, covas abertas e cheias de lixo. Por outro lado, os visitantes repararam melhora no de Itaquera, mas com ressalvas.

No maior cemitério da América Latina, Vila Formosa, visitantes disseram não ter visto melhorias. O local é gerido pela Consolare, que assumiu setes cemitérios da cidade em março de 2023.

“Não era assim”, afirmou Sebastião Leite, 78, apontando para um campo cheio de árvores e mato alto entre as covas. Ele tem nove parentes enterrados, incluindo dois filhos, e disse fazer a manutenção por conta própria por não ter condições de pagar e não confiar na administração do cemitério.

A responsabilidade de limpeza e manutenção dos jazigos é da família, mas das áreas comuns é da concessionária.

“Tem lixo por todo lugar. Lixo até em cova aberta. Eu já vi cova aberta com corpo dentro e lixo”, afirmou Sebastião. “O mato chega a bater no peito quando não é época de feriado”.

Andrea de Paulo, 53, tem seu filho, irmão, pai e mãe enterrados na Vila Formosa. No começo do ano, segundo ele, uma árvore caiu sobre o túmulo de seu filho.

Um mês se passou e a administração não retirou o tronco de lá, segundo Andrea, que afirmou ter recorrido a vizinhos para fazê-lo.

Visitantes também relataram sentir cheiro forte de esgoto nesta manhã (2) em vários trechos do cemitério.

Queixa na região central

Árvores caídas e lixo também são problemas no cemitério da Consolação, na região central, cuja concessionária também é a Consolare.

Uma árvore caiu e destruiu parte parte de um muro. Outras também caíram sobre túmulos.

Lixeiras, quando não destruídas, estavam cheias. Garrafas quebradas, desenhos religiosos de giz, galhos e folhas cobriam corredores. Havia um cheiro forte, originário dos vários túmulos abertos.

Maria José, 82, que mantém o túmulo de seu marido há 20, afirmou não ter notado avanços pós-concessão. “Sempre foi assim. Não melhorou em nada a privatização.”

Segundo ela, a placa de bronze que decorava o jazigo foi roubada neste ano. Para fazer uma nova de mármore, um coveiro cobrou R$ 700, mas ela não conseguiu dizer se ele fazia parte da administração ou não.

Procurada, a Consolare afirma que já investiu mais de R$ 50 milhões em melhorias de infraestrutura, segurança, manutenção e tecnologia nos sete cemitérios que administra.

No da Vila Formosa, entre as melhorias citadas pela empresa, estão a reforma das salas de velório e a construção de quadras com jazigos mais modernos, que evitam o sepultamento em terra.

No da Consolação, patrimônio tombado, existe um plano de restauro em aprovação junto aos órgãos competentes e só pode ser realizado após essa liberação, de acordo com a concessionária.

“A zeladoria dos cemitérios é realizada de forma periódica. Somente na semana de Finados foram retiradas mais de 16 toneladas de lixo de todas as unidades”, afirmou a Consolare.

Além disso, a concessionária disse realizar “constantes chamamentos da população para atualização de cadastros e regularização da situação de jazigos, uma vez que muitos encontram-se em estado de abandono”.

Por fim, a Consolare disse que o cheiro de esgoto no Vila Formosa foi devido à ruptura de uma tubulação de esgoto na manhã deste sábado, que ocasionou mau cheiro. O conserto foi providenciado, afirmou.

Elogios na zona leste

No cemitério de Itaquera, na zona Leste, a privatização resultou em melhorias, segundo os visitantes. As gramas estavam cortadas e os túmulos, bem definidos.

Havia também obras recentes, como uma canaleta para escoamento -importante, considerando que o local fica numa encosta íngrime.

Porém, Ana Maria da Silveira, 75, disse que “os ‘nóias’ invadem à noite para dormir e fugir da polícia. Eles quebram os túmulos de concreto e dormem lá mesmo”.

Outros visitantes afirmaram que jovens invadem também uma capela no centro do cemitério. Essa edificação estava interditada, com janelas e telhas quebradas.

A concessionária Velar afirmou que conta com equipe de segurança 24 horas por dia, com ronda motorizada durante o dia e a pé durante noite, e que mantém diálogo com a comunidade para a preservação do cemitério.

“Em caso de eventual uso inadequado, a administração busca solução a partir do diálogo e orientação e, quando necessário, informa aos órgãos competentes para que possam ser tomadas as ações cabíveis”, disse a empresa, em nota.

Quanto à Capela, a administração afirmou que será reformada e recuperada quando o plano de obras apresentado à prefeitura, no momento em processo de aprovação, for executado. A Velar promete investir cerca de R$ 100 milhões em obras nos cinco cemitérios e crematório que administra.

DIEGO ALEJANDRO / Folhapress

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