SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Integrantes da força-tarefa criada pelo governo de São Paulo para tentar esclarecer as circunstâncias do assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, morto no aeroporto de Guarulhos no último dia 8, passaram a concentrar esforços na identificação dos assassinos.
Policiais ouvidos pela Folha afirmam estar convictos de ter conseguido identificar um dos atiradores e dizem acreditar que caminham para a primeira prisão, esperada para o começo da semana. Investigadores chegaram a acreditar que a captura fosse realizada na última sexta (15), mas ela não se concretizou.
O perfil do suspeito está sendo mantido em sigilo. Conforme policiais ouvidos, por se tratar de assunto delicado e por estarem lidando com assassinos profissionais, as equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) estão evitando contato até mesmo com colegas da Polícia Civil a fim de evitar vazamentos.
Na tarde de sexta, quando o assassinato de Gritzbach completou a primeira semana, uma movimentação atípica de equipes de investigadores em frente ao palácio da Polícia Civil, na região central da capital, elevou a expectativa por novidades importantes sobre o crime.
A diretora do DHPP, delegada Ivalda Aleixo, disse a jornalistas que a polícia conseguiu identificar o suspeito que instalou uma sirene e um equipamento luminoso no carro usado pelos criminosos, um Volkswagen Gol que foi abandonado a cerca de sete quilômetros do local crime.
Um funcionário de instalação dos equipamentos também pode ser um caminho para confirmar a identidade dos suspeitos. Neste sábado (16), a delegada afirmou que a investigação aponta que os criminosos teriam recebido um sinal de dentro do saguão do aeroporto para saber o momento de agir.
Antes mesmo de a Folha revelar a participação de integrantes da cúpula da segurança em uma festa à beira-mar em Maresias, horas após o ataque no aeroporto de Guarulhos, investigadores da força-tarefa afirmaram estar trabalhando sob pressão para um resultado positivo.
Além dos dois homens que atiraram na vítima no aeroporto e o motorista do veículo usado no crime, a polícia diz suspeitar da participação de outros criminosos, como outro motorista em um segundo veículo e, ainda, algum criminoso no interior de aeroporto que teria dado o sinal para o ataque.
O empresário foi morto após fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público e entregar criminosos do PCC envolvidos em esquema de lavagem de dinheiro com a compra de imóveis na zona leste da capital. Nomes de policiais civis também foram delatados no suposto esquema de corrupção. Assim, o mando do crime ainda é incerto para os investigadores.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, na lista de policiais delatados pelo empresário estão integrantes do DHPP, Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e 24º DP (Ponte Rasa), na zona leste. Eles estariam envolvidos em crimes como associação criminosa.
Gritzbach era o principal suspeito de ser mandante do assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, em dezembro de 2021 na zona leste de São Paulo. Ele teria ficado com cerca de US$ 100 milhões em criptomoedas do narcotraficante e encomendado a morte de Fausta.
O empresário chegou a ficar preso por esse crime. Na delação feita, negou envolvimento com a morte dos integrantes do PCC, mas admitiu ter ajudado criminosos a lavarem dinheiro do tráfico de drogas.
Gritzbach acusou policiais de terem roubado relógios e joias durante ação de busca e apreensão na casa dele durante as investigações do duplo homicídio.
Na última quarta-feira (13), a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo disse que policiais civis citados na delação de Gritzbach foram afastados dos cargos operacionais e encaminhados a funções administrativas.
Antes disso, oito policiais militares também haviam sido afastados -estes integravam a escolta particular de Gritzbach e já eram investigados pela Corregedoria da PM havia um mês, segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
ROGÉRIO PAGNAN E TULIO KRUSE / Folhapress