RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

BNDES dobrará capitação externa após acordos com G20 e China

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Acordos firmados durante o G20, no Rio de Janeiro, e a visita do presidente da China Xi Jinping, em Brasília, vão dobrar as captações externas do BNDES. Novas operações e doações em dólar, euro e até yuan, a moeda chinesa, totalizam cerca de R$ 26 bilhões, segundo balanço conseguido em primeira mão pela reportagem.

Segundo o BNDES, cerca de R$ 8 bilhões podem ter liberação imediata, e o restante estará disponível até 2026. O total conseguido nesta semana equivale ao volume já captado internacionalmente pelo BNDES neste ano. Segundo balanço da instituição, as captações externas totalizaram R$ 26,2 bilhões em 30 de setembro de 2024, expansão de 10,6% no ano.

A maior novidade do pacote é a cooperação entre BNDES e o CDB (Banco de Desenvolvimento da China), com a oferta de uma linha totalizando ¥ 5 bilhões (o equivalente a R$ 3,9 bilhões). É o primeiro financiamento em moeda chinesa feito pelo BNDES. O Banco do Brasil realizou primeira operação, em 2023, com o BOC (Bank of China), mas num valor bem menor, ¥ 350 milhões.

O diretor de Planejamento e Relações Institucionais, economista Nelson Barbosa, explica que um dos produtos que vão ser criados a partir dessa iniciativa é uma espécie de correlato em yuan (também chamado renminbi) da linha em dólar.

Na versão tradicional, em moeda americana, o tomador, em sua maioria exportadores com receita em dólar, paga a variação cambial mais uma taxa, e se protege do sobe e desce cambial.

“Vamos oferecer uma linha em renminbi, em que o tomador paga a variação cambial em renminbi, mais uma taxa, para quem tem receita na moeda chinesa”, diz Barbosa.

“Ainda vamos estruturar a operação, e a ideia é testar a demanda, porque todas as operações com a China são feitas em dólar, mas o mercado diz que teria demanda por renminbi.”

As tratativas para a linha na moeda chinesa foram iniciadas durante visita de comitiva brasileira à China, e a cooperação foi oficializada no pacote de 37 atos firmado durante encontro Xi Jinping e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (20).

O maior volume de recursos foi amealhado nos encontros bilaterais durante o G20.

Um memorando de entendimento com o AIIB (Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura) firmou o compromisso para a liberação de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões) em financiamentos para infraestrutura, com foco em ações ESG (que tenham impacto benéfico de caráter ambiental, social e na governança).

Como esse financiamento tem garantia do Tesouro Nacional, antes de o recurso estar disponível, a operação vai precisar cumprir um rito de análise que inclui, por exemplo, avaliação da Cofiex (Comissão de Financiamento Externo). A expectativa de Barbosa é que possa ser finalizado até o final do primeiro semestre do ano que vem.

Esse acordo pode beneficiar o PAC nas áreas de infraestrutura de transporte, energia, digitalização, água e saneamento, especialmente em projetos capazes de promover uma maior integração entre Brasil e Ásia. Está previsto ainda que parte dos recursos podem ser injetados no Fundo Clima, para a mitigação das mudanças climáticas.

A CAF (Comissão Andina de Fomento) acertou a disponibilização de até US$ 500 milhões (quase R$ 3 bilhões) para o BNDES, também com foco em descarbonização, energia renovável e infraestrutura de saneamento.

A liberação de outros EUR 200 milhões (R$ 1,2 bilhão) para o banco público foi acertada com a AFD (Agência Francesa de Desenvolvimento), mas com foco regional. Os financiamentos devem focar em saneamento, desenvolvimento urbano e energia renovável no Norte e Nordeste, especialmente em áreas da Amazônia.

Uma fração dos recursos foram doações dos governos dos Estados Unidos e Noruega para o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. Os apoios financeiros somam US$ 110 milhões (R$ 336 milhões). Esse fundo é dedicado a promover a conservação e do uso sustentável no bioma amazônico, e pode bancar fiscalização e combate ao desmatamento, bem como reflorestamento, entre outras iniciativas.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirma que o reforço na oferta de recursos permite que o banco amplie a atuação no combate às mudanças climáticas, que vem tendo forte demanda do mercado.

A linha para financiamento de projetos de combustível sustentável para aviação e navegação, por exemplo, foi lançada oferecendo R$ 6 bilhões. As propostas apresentadas pelos investidores somaram a demanda de R$ 160 bilhões.

“Com as novas captações e os acordos anunciados nesta semana, o BNDES diversifica as fontes de composição do funding, sem onerar o Tesouro”, afirmou Mercadante.

“Com isso, teremos ainda mais capacidade de alavancar os investimentos em áreas estratégicas, com ações focadas especificamente na transição energética e na preservação ambiental, pautas fundamentais em que o Brasil tem todas as condições de liderar o processo global.”

ALEXA SALOMÃO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS