Frustração com pacote de Haddad faz dólar bater R$ 6, Black Friday chega acompanhada por golpes e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Frustração do mercado financeiro com pacote de Haddad faz dólar bater o patamar dos R$ 6 pela primeira vez, Black Friday chega acompanhada por golpes e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (29).

**HADDAD NÃO EMPOLGA E DÓLAR ENCOSTA NOS R$ 6

Na noite da quarta-feira (27), Fernando Haddad (PT) apareceu nas TVs e nas rádios anunciando medidas que ajudariam o governo a alcançar as metas da dívida pública –e sossegariam o mercado financeiro, descontente com que acreditam ser gastos excessivos do governo.

O objetivo nos próximos dois anos de governo é segurar as despesas, aumentar a arrecadação e chegar ao déficit zero.

O que era para ser o pênalti do ministro da Fazenda para agradar os investidores e economistas virou uma bola fora.

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o sentimento geral é de que anda difícil acreditar que a pasta seja capaz de tomar medidas que eles considerem efetivas para não quebrar o cofrinho.

Entenda o porquê das medidas estarem aquém das expectativas.

IR É O PROBLEMA

Especialistas desconfiam que aumentar a janela de isenção do imposto de renda tenha um impacto neutro nas finanças do governo.

As alterações preveem que pessoas que ganham menos de R$ 5 mil por mês não precisarão pagar o IR, enquanto pessoas que ganham acima de R$ 50 mil terão alíquota mínima que pode chegar a 10%.

Em seu pronunciamento, Haddad afirmou que a taxação dos que ganham mais compensará a isenção dos que ganham menos. Os especialistas não compraram a ideia.

“A gente está falando de mais de R$ 40 bilhões de isenção, haja compensação”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

“O conjunto de ações anunciadas, exceto na questão do IR, é bom”, disse Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos.

CONJUNTO DA OBRA

obra. Frente à insatisfação de atores do mercado, o cardápio oferecido pelo governo no pacote de medidas foi fraco. Esperavam uma resposta mais contundente, contenções mais restritivas nas contas públicas.

Incerteza é a palavra do momento. Sem garantias que considerem críveis de que a economia do país vai caminhar do jeito que esperam, os investidores procuram ativos que vêem como mais seguros.

Com o consenso de que o pacote não deve ser suficiente para tornar o arcabouço fiscal sustentável, vem a disparada do dólar. Quando não sabem o que vem por aí, correm para o dólar. É um investimento que, em geral, tem recompensas garantidas.

Quanto mais gente comprando, mais o preço sobe –a tal da lei da oferta e da demanda. O resultado: o dólar encerrou o pregão da quinta-feira em R$5,99, e superou a barreira dos R$ 6 pela primeira vez.

Outros ativos considerados seguros também subiram de preço, como os do Tesouro. Os juros futuros seguem em forte alta.

Os títulos atrelados à inflação de curto prazo apresentaram a maior alta, superando os maiores patamares desde 2016.

O Tesouro IPCA+ está com uma taxa de retorno de 7,14% ao ano.

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**BOM DIA, É BLACK FRIDAY!**

Chegou o dia para dizimar suas economias –que acontece, ironicamente, no fim do mês. Vamos ao que você precisa saber para fazer melhores escolhas.

QUE HORAS?

Os melhores descontos da Black Friday aparecem na madrugada da virada e entre as 14h e as 19h –bem no meio do expediente.

Em 2021, 2022 e 2023, o maior volume de descontos na sexta ocorreu às 17h, com média de 199 ofertas e 34% de desconto.

O levantamento foi feito pela plataforma Promobit, especializada em descontos e promoções. Os números têm base no comportamento do varejo e consideram a quantidade média de promoções publicadas e a porcentagem de descontos entre 2021 e 2023.

ESTIMATIVAS

A data deve movimentar R$ 5,22 bilhões, um crescimento real de 0,4% em relação ao ano passado, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O mercado espera que o evento registre o maior volume de vendas desde 2021 e o sétimo maior desde 2005.

Móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos devem liderar o faturamento, concentrando quase metade das vendas.

Azeite foi o produto mais buscado na semana anterior à Black Friday.

DE OLHO NOS GOLPES

A disposição dos clientes em comprar, sobretudo online, favorece quem quer passar a perna no consumidor.

Mais de mil sites falsos já foram criados mirando a Black Friday. Uns prometem descontos extraordinários em produtos que jamais serão entregues, enquanto outros são projetados para roubar dados de cartões de crédito.

Vídeos de celebridades divulgando sites mal-intencionados estão sendo veiculados nas redes. Um exemplo é um trecho falso de Luciano Hang anunciando uma promoção com base nos resultados de uma roleta –foi feito usando inteligência artificial.

Criminosos também estão usando IA para criar anúncios falsos de marcas conhecidas, como Adidas, McDonald’s, Nike, Amazon e Mercado Livre.

**INTERNET DOMINADA**

Muito do que diz respeito à internet é controlado por algumas poucas empresas. Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos resolveu comprar uma briga com elas.

No dia 20 de novembro, oficializou o pedido judicial para que o Google separe-se do Chrome –uma das medidas antimonopólio tomadas.

OU UM, OU OUTRO

O departamento de Justiça do país exige uma reorganização dos negócios do Google. Ela quer proibições de acordos para que a empresa forneça seu serviço de buscas como o padrão em smartphones no Android, que é do mesmo grupo.

A ideia é que a empresa não ganhe vantagem competitiva sobre outras ao obter dados mais precisos sobre a navegação dos usuários na internet.

TENDÊNCIA

A exigência parece advinda de um novo entendimento da justiça americana sobre as big techs (apelido do mercado para grandes empresas de tecnologia).

O Google não é o único questionado sobre o assunto. A Microsoft também está sendo observada sob as lentes do microscópio do governo americano.

A FTC (Comissão Federal de Comércio) abriu uma investigação para verificar se a criadora do sistema Windows violou a lei antitruste em diferentes segmentos de seus negócios.

Entre os produtos questionados estão os que envolvem computação em nuvem, IA e segurança cibernética.

A apuração quer averiguar como a empresa agrupa as informações salvas na nuvem por clientes e utiliza-as para gerar novas funções em seus produtos de escritório e segurança.

Amazon e Meta também já foram processadas pelo FTC, acusadas de comportamento anti-competitivo e sufocamento de rivais.

A Apple também sofre acusações oficiais de dificultar que os consumidores procurem alternativas a seus produtos, uma vez que seus aparelhos e softwares são altamente interdependentes.

Qual o problema? Que essas empresas têm acesso a uma quantidade alarmante de informações sobre seus clientes.

Usando o Google como exemplo: o que impede a empresa de usar as informações sobre o que você mais busca no site para criar um produto que é exatamente igual ao que você procura?

Outras companhias, que não são tão grandes quanto as citadas, não têm meios de fazer o mesmo. O que significa que as big techs estarão sempre à frente nos avanços e na arrecadação –sabem das preferências dos clientes nos mínimos detalhes.

A Microsoft é dona do Windows, do LinkedIn e do Xbox. O Google, além do site e de todos os produtos derivados dele, também é dono do Android. As empresas abrangem vários aspectos da vida dos consumidores.

Ideia antiga. No final dos anos 1990, o governo americano tentou dividir a Microsoft. Um juiz determinou que a companhia separasse as operações de seu sistema operacional e do navegador de internet.

Fora dos EUA. A União Europeia afirmou que a Microsoft violou suas regras antitruste ao empacotar o Teams, ferramenta que possibilita a comunicação de colegas de trabalho remotamente, com programas do Office, como Excel e Word.

Os próximos alvos na mira das investigações são a OpenAI, criadora do ChatGPT e Nvidia.

**PARA OUVIR**

“Deep Questions with Cal Newport”

Disponível em Spotify, Apple Podcasts e Deezer, 328 episódios.

Em um mundo onde nossa atenção é disputada a cada segundo, é difícil entender no que vale a pena se concentrar.

O professor e autor Cal Newport pode te ajudar a produzir e concentrar-se mais, entendendo melhor sobre como funciona o seu cérebro e como ele processa a atenção.

O foco aqui não é aquele papo de “trabalhe enquanto eles dormem”, e sim, como se entender melhor para funcionar melhor, no trabalho, nas finanças e na vida.

Nesta edição, indicamos seu podcast, chamado “Deep Questions with Cal Newport”. Ele está disponível em inglês.

Se estiver procurando algum conteúdo semelhante em português, ele tem dois livros publicados no Brasil: “Trabalho Focado” e “Minimalismo Digital”, ambos pela Alta Books.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

RODOVIAS

EcoRodovias arremata Nova Raposo por R$ 2,19 bi em leilão sob protesto de moradores. Concessionária ficará responsável por 92 km de rodovias durante 30 anos.

MINERAÇÃO

Empresa chinesa compra mina de estanho de R$ 2 bi na amazônia. Reserva tem estoque para um século e abriga também niobio e tântalo.

JUSTIÇA

Onze municípios fecham acordo por reparações da Samarco. Valores somados chegam a R$ 1,18 bilhão.

REDES SOCIAIS

Austrália aprova proibição de redes sociais para menores de 16 anos. Medida deve entrar em vigor em um ano e empresas podem ser multadas em R$ 192 milhões.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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