BC vende total de US$ 7 bilhões em leilões extras em dia de recuo do dólar

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Banco Central superou problemas técnicos e vendeu o total de US$ 7 bilhões nos leilões extraordinários de dólares programados para esta sexta-feira (20). Desde o último dia 12, foram injetados US$ 27,76 bilhões pela autoridade monetária no mercado de câmbio –maior valor já registrado em um mês.

O dólar abriu o dia em queda e, às 9h07, estava cotado a R$ 6,0859. Depois da primeira atuação do BC, a moeda norte-americana foi puxada para baixo. Às 9h53, caía 1,18%, sendo cotada a R$ 6,051. Após uma sessão de alta volatilidade, encerrou a semana em R$ 6,071.

Na primeira intervenção do dia, o BC vendeu US$ 3 bilhões em leilão extraordinário de dólares no mercado à vista. Foram aceitas oito propostas (acolhidas entre 9h15 e 9h20), com diferencial de corte do leilão referenciado à taxa Ptax de 0,000100.

Calculada com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax é uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.

Na segunda atuação, a autoridade monetária injetou US$ 2 bilhões com a realização de um leilão de linha. Nessa modalidade, o BC vende reservas internacionais no mercado à vista, mas com o compromisso de recompra em um prazo determinado.

No “leilão A”, foram aceitas cinco propostas (acolhidas entre 10h20 e 10h25), no total de US$ 2 bilhões. A data de recompra será no dia 2 de julho de 2025. A operação de venda será liquidada na próxima terça-feira (24).

Houve uma falha no sistema operacional durante a realização do “leilão B”, que ocorreria de 10h40 às 10h45, e nenhuma proposta foi aceita. O BC então anunciou a realização de um novo certame entre 11h20 e 11h25, que também acabou sendo cancelado. Segundo a autoridade monetária, as duas tentativas não se concretizaram pelo mesmo motivo.

A instituição obteve êxito apenas na terceira vez, na qual vendeu mais US$ 2 bilhões. No novo leilão de linha, foram aceitas duas propostas (acolhidas entre 12h30 e 12h35). O prazo definido pelo BC para readquirir os dólares vendidos é dia 2 de outubro de 2025.

As intervenções desta sexta ocorreram um dia depois de o BC ter realizado a maior atuação em um único dia desde 1999, quando o país adotou o regime de câmbio flutuante. Na quinta (19), a autoridade monetária injetou US$ 8 bilhões à vista no mercado em dois leilões extraordinários de dólares. A moeda norte-americana despencou 2,28% e fechou o dia cotada a R$ 6,124.

As atuações do BC têm ajudado a conter a disparada do dólar nos últimos dias ao dar liquidez para o fluxo de saída da moeda norte-americana. De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o país tem reservas internacionais em volume suficiente para agir e a autoridade monetária está dia a dia mapeando a situação para intervir no câmbio quando fossem identificadas disfuncionalidades.

Na última quarta (18), o país totalizava US$ 352,224 bilhões em reservas internacionais. Elas funcionam como uma espécie de colchão de segurança contra choques externos, como crises cambiais ou fugas de capital, em momentos de turbulência no mercado global.

Em entrevista a jornalistas, na quinta, o sucessor de Campos Neto, Gabriel Galípolo, descartou um ataque especulativo do mercado financeiro como causa da disparada do dólar.

O posicionamento contrasta com a tese de alguns integrantes do Executivo, do PT e de outros partidos de esquerda de que o mercado promove uma ataque especulativo para desestabilizar o governo Lula.

NATHALIA GARCIA / Folhapress

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