Presidente do Conselho volta a marcar votação de impeachment de Augusto Melo no Corinthians

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, voltou a agendar a votação do impeachment do presidente do clube, Augusto Melo. A não ser que haja nova reviravolta, a possibilidade de prosseguimento ao processo de destituição será definida pelos conselheiros em reunião extraordinária na próxima segunda-feira (20).

Essa reunião foi inicialmente marcada para 2 de dezembro, na sede social alvinegra, no Parque São Jorge. Os membros do Conselho já estavam no ginásio para o encontro, quando Melo obteve uma liminar que determinou a suspensão da votação enquanto não houvesse o fim do inquérito policial que baseia o pedido de destituição do presidente.

A liminar foi posteriormente derrubada pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), em 12 de dezembro. Adversário político de Augusto, Tuma ficou, então, livre para convocar novamente os 301 conselheiros e o fez nesta terça (14), confiante de que tem os votos necessários para tirar o desafeto da presidência.

É necessária maioria simples para a continuidade da tramitação. No caso de o impedimento ser aprovado pelo Conselho, Melo será imediatamente afastado do cargo -ocupado pelo primeiro vice-presidente Osmar Stábile- e os sócios serão convocados para a votação definitiva do assunto, também com necessidade de maioria simples.

O prazo para a convocação da assembleia geral de associados é de cinco dias após a votação no Conselho, com publicação em jornais de grande circulação e antecedência de 30 a 60 dias. Se conselheiros e associados optarem pela cassação, uma votação dentro do Conselho Deliberativo definirá um novo presidente para o restante do mandato, até o fim de 2026.

O pedido de impeachment foi protocolado em agosto por conselheiros da oposição e tem como principal motivo acusações de irregularidades em comissões pagas na assinatura no início do ano passado do contrato de patrocínio com a VaideBet, que está sob investigação da Polícia Civil. Em junho, o site de apostas anunciou a rescisão unilateral, por ver sua imagem desgastada com o caso.

O inquérito é a respeito de um pagamento de comissão de R$ 25,2 milhões para a Rede Social Media Design, que pertence a Alex Fernando André, o Alex Cassundé, que atuou na campanha de Augusto. Essa empresa repassou parte da comissão para a Neoway Soluções Integradas em Serviço, registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma mulher que mora em residência humilde em Peruíbe e nem sabia da existência da empresa.

À época da rescisão contratual, em nota, o Corinthians afirmou que “todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas”. “O clube destaca que não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”, dizia o texto.

“O Corinthians é vítima”, afirmou Augusto, em julho, em entrevista à Folha. “Desde o começo, eu sempre me coloquei à disposição. Como presidente, o que eu quero é esclarecer o mais rápido possível, mesmo porque o Corinthians é vítima. A partir do momento em que você tem um intermediário que faça alguma coisa, dali para fora o que ele faz é problema dele.”

O clube substituiu a VaideBet por outra empresa de apostas online, a Esportes da Sorte -envolvida também em investigação policial, que mira suposta organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. A empresa é responsável pelo pagamento da maior parte dos vencimentos do atacante holandês Memphis Depay, contratado em setembro.

Com o reforço midiático e a chegada de outros bons jogadores no meio da temporada, a equipe alvinegra deixou a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro e obteve vaga na fase preliminar da Copa Libertadores. Isso minimizou a pressão da torcida, mas não diminuiu significativamente a temperatura nas alamedas do Parque São Jorge.

Os torcedores, de maneira geral, mostram-se contrários ao impeachment. No dia em que ocorreria a primeira votação, milhares se posicionaram em frente ao clube para protestar contra ela e festejaram com Augusto a liminar que suspendeu a reunião. Mas não é a torcida que participará da votação na segunda-feira.

MARCOS GUEDES / Folhapress

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