RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Salão do Móvel de 2025, em Milão, é assombrado por tarifas de Donald Trump

MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – Enquanto os mais festivos vão correr de uma exposição para outra, atrás de novidades do design e doses de drinques alaranjados, os mais preocupados passarão os dias a discutir os efeitos em seus negócios de uma possível guerra comercial mundial. São os extremos dos participantes da Semana de Design de Milão, que acontece entre 8 e 13 de abril.

Principal acontecimento, o Salão do Móvel, ou Salone, reunirá mais de 2 mil expositores, de 37 países, com expectativa de bater o número de visitantes do ano passado –370 mil pessoas, sendo 54% de fora da Itália. Desde os anos 1960, a feira se consolidou como a mais relevante do segmento.

Criado justamente para promover as exportações da indústria italiana, o Salone ocorre neste ano em meio ao nervosismo provocado pelas ameaças do presidente Donald Trump. Os Estados Unidos são o segundo mercado que mais compra do setor na Itália, cujas exportações já tinham fechado em leve queda no ano passado, em quase 20 bilhões de euros.

O temor é que as empresas italianas, que exportam mais da metade da produção, percam terreno para móveis e acessórios chineses, em caso de aumento de tarifas norte-americanas. Trump já ameaçou impor 200% sobre bebidas alcoólicas da União Europeia e anunciou 25% sobre carros fabricados fora dos EUA.

Quarto país com mais visitantes na feira, mas apenas o 54º em volume de importações, o Brasil ganha atenção dos fabricantes italianos. “Precisamos de ferramentas de internacionalização para explorar novos destinos, começando por Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, mas também Índia e Brasil”, disse Claudio Feltrin, presidente da Federlegno Arredo, que representa o setor e organiza o Salone.

Nem tudo é cifra na semana de design –e essa é a graça do evento que transforma Milão. No próprio Salone continuam a crescer as iniciativas culturais, que nesta edição inclui uma instalação do cineasta Paolo Sorrentino, chamada “La Dolce Attesa”, a doce espera, sobre a ansiedade das salas de espera.

Fora dos pavilhões da feira, o Fuorisalone terá mais de 800 eventos espalhados pela cidade, de lançamentos a grandes instalações patrocinadas por gigantes como Amazon e Google. É uma semana realmente internacional, seja pelo público, seja pela presença de marcas estrangeiras, como a japonesa Muji e a finlandesa Marimekko. Quase todas as ações são gratuitas, restando ao visitante ter paciência para filas.

Com público de 90 mil no ano passado, a plataforma Alcova, que costuma revelar boas surpresas do design contemporâneo, reagiu para evitar superlotação e, pela primeira vez desde que foi criada, em 2018, decidiu que é hora de cobrar pela entrada na Villa Borsani. Como se trata de uma casa-museu dos anos 1940, o bilhete de 25 euros é explicado pela necessidade de limitar a circulação interna, onde tem até uma lareira decorada com cerâmica pelo artista Lucio Fontana (1899-1968).

O ingresso vale acesso prioritário aos outros três endereços que a Alcova vai ocupar, estruturas igualmente históricas na área metropolitana de Milão. Não satisfeita, a plataforma anunciou nos últimos dias uma quinta “experiência”, a Vocla, aberta somente a partir das 18h, no antigo matadouro em que esteve em 2023.

Além de reativar espaços esquecidos, outra prática comum do Fuorisalone é celebrar arquitetos e designers de outros tempos. Nesta edição, a italiana Cassina faz a reedição de quatro móveis desenhados por Le Corbusier, Charlotte Perriand e Pierre Jeanneret, apresentados pela primeira vez há 60 anos. Já a Flos se dedica às luminárias do arquiteto Tobia Scarpa, que completa 90 anos.

Há edifícios inteiros ocupados por delegações nacionais, com apoio de seus governos, como a exposição “Masterly”, a poucos passos do Duomo, com trabalhos de holandeses. A House of Switzerland estará novamente na Casa degli Artisti, em uma mostra conhecida por reunir pesquisa e experimentação em objetos funcionais.

O Brasil também tem lugar nobre na programação, novamente na Universidade de Milão, que no ano passado recebeu quase 140 mil pessoas. Dessa vez, com apoio da agência Apex e da Abimóvel, o curador Bruno Simões organiza “Chuva de Caju”, com peças de designers brasileiros.

MICHELE OLIVEIRA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS