O corpo de Pepe Mujica está sendo velado, nesta quinta-feira, 15 de maio, no Parlamento uruguaio, em cerimônia aberta à população. A cremação está marcada para depois de evento com líderes mundiais, marcada para às 14 horas. Conforme pedido do ex-presidente, suas cinzas vão ser depositadas em sua chácara, ao lado da sua cachorrinha Manoela. O presidente Lula confirmou que vai participar do evento e embarca nesta manhã para a capital uruguaia.
Junto ao corpo de Mujica, já dentro do Palácio, uma criança deixou um cartaz no chão, dizendo “obrigado, Pepe, hoje tenho uma casa digna. Sabia entender o que significa governar com amor“.
Mujica enfrentou a ditadura uruguaia, que durou 12 anos e matou 123 pessoas, além de fazer outras 300 mil saírem do país. Os militares o torturam, inclusive proibindo Mujica de ter acesso a livros na prisão. Mas perdeu a luta contra um câncer no esôfago, após decidir não continuar o tratamento. Ele viveu seus últimos dias sob cuidados paliativos e morreu nesta terça-feira, aos 89 anos.
Milhares vão às ruas se despedir de Mujica
Milhares de pessoas foram às ruas de Montevidéu, nesta quarta-feira, 14, para se despedirem e homenagear o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica. O público formou grandes filas e, de mãos dadas, saudava o ‘Viejo Amigo‘.
O cortejo com o corpo de Mujica saiu da sede do governo do país e passou por marcos de sua trajetória política, como a sede do Movimento Tupamaros, onde lutou contra a ditadura, e do Movimento de Participação Popular, fundado por ele na redemocratização.
O corpo do ex-presidente também passou pela sede da Frente Ampla, coalizão pela qual foi presidente entre 2010 e 2015, onde recebeu homenagens.
Governo Mujica
Pepe Mujica deixou um legado marcado pela simplicidade, pelo compromisso com a justiça social e por reformas de impacto no Uruguai. Durante seu governo (2010–2015), aprovou medidas progressistas que projetaram o país internacionalmente, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a ampliação do direito ao aborto.
Sobre o aborto, Mujica defendia que a legalização daria mais dignidade às mulheres para não correrem riscos e assim decidir sobre a maternidade. Já a descriminalização do país, uma medida de saúde pública e segurança, foi uma forma de combate ao narcotráfico.
Por fim, ex-guerrilheiro e ex-preso político, Mujica governou com discurso direto e estilo de vida austero. Ele morava em uma chácara nos arredores de Montevidéu, recusava luxos e doava grande parte de seu salário como presidente e usava um fusca azul, presente de amigos de mais de 20 anos.
Sua forma de liderar, voltada ao diálogo e à equidade, o transformou em símbolo de humildade e coerência na política latino-americana.
