Você sabe quem foi Silvio Caldas? O cantor e compositor carioca marcou época na famosa Era do Rádio e fez história ao interpretar grandes sucessos da nossa música popular.
A história de Silvio Caldas
Silvio Caldas nasceu em 23 de maio de 1908 (portanto hoje seria seu aniversário!), no bairro carioca de São Cristóvão. Seu pai era dono de uma loja de instrumentos, afinador e mecânico de pianos e compositor e sua mãe era cantora amadora, portanto, ele – desde cedo – teve a música como presença marcante na vida.
Aos cinco anos, Silvio fez a sua primeira apresentação, interpretando um tema brejeiro no Teatro Fênix. Nesta época, ele também já cantava no Bloco Família Ideal, carregado nos ombros de um tio, e impressionou o público, que o apelidou de “O Rouxinol da Família Ideal”.
Aos 16 anos, formou-se como mecânico e mudou-se para São Paulo para trabalhar com automóveis. Em 1927, retornou ao Rio de Janeiro e iniciou a carreira artística na Rádio Mayrink Veiga.
Dois anos depois, atuou na Rádio Sociedade, sendo o ponto de partida para assinar, anos depois, contrato com as principais rádios cariocas.
Figura carimbada entre as principais rádios cariocas daquele período, o “Caboclinho Querido” – apelido que Silvio Caldas ganhou do radialista e amigo César Ladeira – passou a ser disputado pelos principais compositores da época.
Em 1930, Silvio Caldas registrou – em dueto com Breno Ferreira – o tema “Tracuá Me Ferrô” e atuou no teatro de revista “Brasil do Amor”, espetáculo de Marques Porto eAry Barroso. De Ary, Silvio gravou “Faceira”, o primeiro grande sucesso da sua carreira.
Depois do sucesso com “Faceira”, confiar um tema à voz de Sílvio Caldas era sinônimo de sucesso e retorno financeiro para gravadoras, empresários e compositores naquele momento.
Nos anos 1930, não satisfeito apenas com o papel de intérprete, Sílvio Caldas passou a compor, revelando igual talento como autor. Assinou canções ao lado de nomes como Cartola, Ataulfo Alves, Mário Lago, Billy Blanco, Wilson Batista e Newton Teixeira.
Entretanto, foi a partir de 1934, em parceria com Orestes Barbosa, que Sílvio Caldas entrou para a história do cancioneiro nacional como autor de destaque. A qualidade das melodias e dos versos assinados pela dupla é notável e perdura na memória musical brasileira, como o clássico “Chão de Estrelas”, que confere ao cantor o apelido de “Seresteiro do Brasil”.
Outras de suas composições são em parceria:
- Arranha-Céu
- Meu Erro
- Santa dos Meus Amores
- Serenata
- Sem Você
- Suburbana
- Torturante Ironia
- O Vestido das Lágrimas.
Em 1938, Silvio ganhou o título de “Cidadão Samba”, depois de registrar a marcha “As Pastorinhas”, de Noel Rosa e Braguinha.
Até a década de 1940, Silvio Caldas era considerado “o intérprete de Ary Barroso”, de quem registrou diversas canções, como: “Aquarela do Brasil”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Maria” e “Segura Esta Mulher”.
No mesmo período, Sílvio lançou sucessos de outros autores:
- Linda Morena (de Lamartine Babo)
- A-E-I-O-U (de Lamartine e Noel Rosa)
- Velho Realejo (de Custódio Mesquita)
- Pião (de Custódio Mesquita)
- Mulher (de Custódio Mesquita)
- Linda Lourinha (de João de Barro, o Braguinha)
Nos anos 1940, Silvio Caldas participou dos filmes:
- Tristezas Não Pagam Dívidas (de Ruy Costa e José Carlos Burle, 1944)
- Luz dos Meus Olhos (de José Carlos Burle, 1947)
- Não Adianta Chorar (de Watson Macedo, 1945)
Nas décadas seguintes, o artista lançou seis discos, entre eles “Isto É São Paulo” (1968), no qual registrou temas sobre a cidade.
No fim dos anos 1960, Silvio anunciou diversas vezes a aposentadoria dos palcos, o que lhe rendeu o apelido de “Cantor das Despedidas”.
Seu último disco foi “A Estória da Música Popular Brasileira”, de 1986.
Figura folclórica, Sílvio Caldas tem histórias curiosas relacionadas a seus cachês.
Em uma delas, talvez a mais emblemática, ele se recusou a cantar em uma edição da “Bienal do Samba”, promovida pela TV Record – justamente em homenagem a Ary Barroso, o homem que o revelou para a cena musical.
Como o programa era gravado, podendo ser exibido e explorado diversas vezes depois, Silvio exigiu um cachê maior. Na mesma noite, para registrar seu aborrecimento, cantou de graça em um asilo para idosos no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo.
Ao final dos anos 1970, Sílvio Caldas aposentou-se dos estúdios, mas não dos palcos. Seu último show foi em 1997, aos 85 anos, no Sesc Pompeia.
Em 1988, para celebrar seu aniversário de 80 anos, o artista foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras.
Sílvio Caldas morreu em Atibaia, no dia 3 de fevereiro de 1998, aos 89 anos, por conta de insuficiência pulmonar.



