O número de ocorrências por tráfico de drogas cresceu 20,77% em Campinas nos primeiros quatro meses de 2025. Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, foram 314 registros entre janeiro e abril, contra 260 no mesmo período do ano passado.
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A análise, obtida com exclusividade pelo Portal THMais, revela uma concentração significativa desses casos em bairros da região Noroeste da cidade. O 11º Distrito Policial, que atende áreas como Ipaussurama, Satélite Íris e Parque Itajaí, lidera o ranking com 59 flagrantes. O 1º DP, responsável pela região central, aparece em segundo lugar, com 50 ocorrências, seguido pelo 9º DP (Ouro Verde), com 39.
Outras áreas também apresentaram números relevantes, como o 5º DP (26 ocorrências), que cobre bairros como Vila Formosa, Vila Georgina e Jardim Esmeraldina, e o 2º DP (25 casos), que atua na tradicional região da Vila Industrial. Em contrapartida, distritos como o 12º (Sousas e Joaquim Egídio) e o 13º (Cambuí) apresentaram números baixos, com três e uma ocorrência, respectivamente.
Apesar do crescimento numérico, especialistas em segurança pública fazem um alerta: o aumento de registros pode estar mais relacionado à intensificação das ações de repressão do que a um crescimento real da atividade criminosa.
“A elevação nas estatísticas não necessariamente reflete mais tráfico nas ruas, mas sim uma maior eficiência na identificação e repressão”, explica a advogada Michelli Rezende Lallo, presidente do Conselho de Polícia e integrante do Conselho Municipal de Segurança Pública de Campinas. “Esse resultado é fruto de operações mais focadas e integradas entre as forças policiais, o que indica que há um esforço real para recuperar a ordem nos territórios mais afetados.”
Arthur Vasconcellos Rezende, presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública, ressalta que o crescimento dos flagrantes precisam ser analisados à luz de outros indicadores. “A atuação integrada das polícias Civil e Militar, além da Guarda Municipal e até da Polícia Federal, tem intensificado o mapeamento e a repressão qualificada. O 11º DP e o Ouro Verde são áreas prioritárias justamente pela fragilidade social, presença de mercados consumidores e ausência de políticas públicas estruturantes.”
Segundo ele, essa leitura dialoga com teorias modernas da criminologia. “A Teoria da Atividade Rotineira mostra que o crime ocorre quando há oportunidade, ausência de controle e presença de um agente motivado. É o que vemos nessas regiões: um ambiente de vulnerabilidade onde o tráfico assume até funções sociais, oferecendo renda e controle territorial.”

Rezende reforça que a repressão, por mais eficiente que seja, precisa estar acompanhada de ações sociais. “Gary Becker já afirmava que o criminoso calcula riscos e recompensas. Se não oferecemos alternativas reais de dignidade, renda e mobilidade, o crime continuará sendo a escolha mais ‘racional’ para muitos jovens. A repressão é necessária, mas sozinha não resolve.”
Ele também destaca a diferença de visibilidade entre regiões. “O tráfico existe em todas as áreas da cidade, inclusive nos bairros centrais. Mas nas regiões mais estruturadas, ele se oculta com mais facilidade. Onde o Estado está ausente, o crime se mostra mais visível.”
Especialistas concordam que o enfrentamento ao tráfico passa por políticas de longo prazo, que envolvem educação, cultura, oportunidades econômicas e reconstrução do tecido comunitário.
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