O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram nesta quarta-feira (29) a criação de um escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado no estado. O anúncio ocorre um dia após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou pelo menos 119 mortos.
Castro, Lewandowski e outros representantes dos governos estadual e federal se reuniram no fim da tarde desta quarta, no Palácio Guanabara, para debater os desdobramentos da Operação Contenção e medidas de combate à facção criminosa Comando Vermelho.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, ficará à frente do escritório emergencial, atuando em conjunto com o secretário nacional da homônima, Mário Luiz Sarrubbo, ex-procurador-geral de Justiça de São Paulo.
Na terça-feira (28), Castro classificou a operação contra o Comando Vermelho como um “sucesso” e teceu críticas ao governo federal que, segundo ele, negou três solicitações de ajuda às Forças Armadas. As declarações foram rebatidas por Lewandowski horas após a acusação. O Ministério da Justiça divulgou uma nota listando ações de combate ao tráfico realizadas pelo governo federal. Mais tarde, o Planalto emitiu outra nota refutando novamente as acusações do governador.
Em coletiva na noite desta quarta, Castro declarou que a ideia, a partir de agora, é que ações de combate ao crime organizado no estado aconteçam de forma integrada com o Governo Federal.
Operação Contenção
A Operação Contenção foi deflagrada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares, com o objetivo de capturar lideranças criminosas e conter a expansão do Comando Vermelho. Segundo o governo estadual, essa é a maior operação de segurança em 15 anos.
As autoridades tinham divulgado na terça-feira (28) que o número de mortes em decorrência da operação era 64, sendo 4 policiais. No entanto, na manhã desta quarta-feira (29), moradores das comunidades encontraram outras dezenas de corpos em uma área de mata. Com isso, o número chega a 119.
Além dos mortos, a operação deixou seis pessoas feridas, sendo que três não são consideradas suspeitas pela polícia. Uma das vítimas é uma mulher que estava dentro de uma academia quando foi baleada.
Conforme balanço divulgado pelo governo do Rio de Janeiro, 113 suspeitos foram presos e 10 menores apreendidos.
Em reação à operação, o Comando Vermelho bloqueou ruas e roubou mais de 50 ônibus, paralisando parte da cidade.
O governador do Rio de Janeiro destacou que a operação é resultado de mais de um ano de investigação e 60 dias de planejamento, visando combater o narcotráfico. Segundo ele, criminosos tentaram desviar a atenção das forças de segurança bloqueando a Avenida Brasil e outras vias.
Ainda de acordo com o governo, integrantes da facção utilizaram drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população, no Complexo da Penha, com o objetivo de atrasar o avanço das forças de segurança.
Participaram da operação agentes da Polícia Civil, incluindo a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), delegacias especializadas e distritais, além do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e Subsecretaria de Inteligência. Da Polícia Militar, participam o Comando de Operações Especiais (COE) e unidades da capital e da região metropolitana.
Drones, dois helicópteros, 32 veículos blindados terrestres e 12 veículos de demolição, além de ambulâncias, estão entre os equipamentos utilizados pelos policiais.
Moradores das comunidades alvos da operação relataram tiroteios e dificuldade para sair de casa desde o início da manhã. Pedestres caminhavam entre os tiros, enquanto motos eram proibidas e baús e mochilas revistados.



