Esta semana a convidada da jornalista Fabiane Pereira no Vozes da Vez é Adriana Calcanhotto. No diálogo vivo entre a música popular brasileira e o encantamento da infância, Calcanhotto encontrou, em 2004, uma nova forma de se expressar — e renovou também sua missão artística. Com o projeto Partimpim, ela criou um espaço onde crianças e adultos se encontram pela imaginação, pelo ritmo e pela poesia — ou, como ela mesma prefere dizer, pela música “que fala com as crianças, embora não seja só para elas”.
Partimpim nasceu como um heterônimo lúdico de Calcanhotto — um apelido de infância que virou personagem artística, palco e território de experimentação. A cada álbum (já são quatro), esse “outro eu” musical convida o ouvinte a entrar num mundo onde canta-se, brinca-se e se inventa o mundo. O primeiro disco homônimo, lançado naquele 2004, apresentou faixas como “Ciranda da Bailarina”, “Fico Assim Sem Você” e “Oito Anos”, que hoje são pequenos clássicos entre famílias e escolas.
Embora voltado para o público infanto-juvenil, Partimpim não se prende aos rótulos da música infantil tradicional. No Vozes da Vez, Calcanhotto afirma que o objetivo é manter a qualidade, a complexidade sonora e a alegria — sem subestimar nenhum ouvinte. “Não subestimei as crianças achando que não gostassem de música de qualidade”, afirma. Além disso, o álbum mais recente do projeto, O Quarto (2024), revela que Partimpim continua atual e engajado: trata de temas como a ativista Malala Yousafzai, crise climática e releituras criativas de repertório.
Nesta era em que a cultura infantil muitas vezes se resume a fórmulas fáceis, Partimpim reafirma que brincar com a música é também criar, aprender, crescer — e que um projeto artístico pode ser profundo, lúdico e transformador ao mesmo tempo. É um tributo à imaginação, à curiosidade e à brasilidade que se renova.
Se você ainda não conhece, convide-se: volte a oito anos, cante de olhos fechados, descubra novos significados — e perceba que, no universo de Partimpim, sempre cabe um pouco mais de música, de riso e de amor.
