Nunca foi tão caro investir em inovação quanto em 2023. Após um período de escassez de investimentos que levou milhares de startups a realizarem demissões em massa mundo afora – algumas até tiveram que fechar as portas –, a perspectiva para o futuro do setor não poderia ser mais confusa para empreendedores.
Por um lado, as demissões continuam. Segundo estimativas mais de 2.700 pessoas perderam o emprego em startups brasileiras em 2023, com um total de 24 rodadas de cortes. Foi o caso de “unicórnios” (startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão) como Único, Loft, Merama e Wildlife, entre outras.
Além disso, os aportes continuaram em queda, pelo menos na primeira metade do ano. Startups brasileiras captaram US$ 778,1 milhões em 199 rodadas de investimento no primeiro semestre de 2023. O valor representa uma queda de 51,4% em relação ao semestre anterior.
Os números e as notícias podem pintar um cenário negativo, mas são apenas uma parte da história. O ano de 2023 também viu sinais de que o ecossistema de inovação já começa a deixar a crise para trás, ainda que com algumas sequelas e a perspectiva de um futuro bem menos “irrigado” do que foram os últimos anos.
O número total de pessoas demitidas em startups em 2023, é bem menor que o que foi registrado no ano passado, quando 61 demissões atingiram mais de 8.300 pessoas. Além disso, notícias de aportes multimilionários voltaram a surgir no segundo semestre, com destaque para a aquisição da Pismo pela Visa, movimentando US$ 1 bilhão e criando o primeiro unicórnio brasileiro de 2023.
Para especialistas a análise é de que os unicórnios não estão extintos. Só não voltarão mais em bandos como no passado.
Segundo especialistas, a explicação para o chamado “inverno das startups” envolve uma combinação desastrosa de fatores macroeconômicos que vão desde o aumento das taxas de juros pelo mundo, que torna o investimento em inovação mais arriscado, até a queda na demanda por soluções digitais nos últimos dois anos.
O aparecimento de uma startup unicórnio é apenas uma questão matemática, muitas operações têm capacidade de atingir a avaliação de US$ 1 bilhão, no entanto, o crescimento só pelo título é inviável e devemos ter menos especulação no setor num futuro próximo.
Isto significa que, no futuro, para chegar ao status de “unicórnio”, as startups brasileiras terão que entregar mais do que promessas de retorno no longo prazo, mas um modelo de negócios sustentável e rentável no curto a médio prazo.
Porém alguns segmentos não só passaram longe da crise como também cresceram exponencialmente nos últimos anos. O exemplo mais óbvio é o de inteligência artificial e sustentabilidade.