A polêmica do gramado sintético: bom ou ruim? – Por Felipe Moreira

Felipe Moreira
Felipe Moreira
Felipe Moreira é um apaixonado por esportes, sobretudo futebol. É formado em Direito e cursa jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi.
Créditos: Reprodução

Uma das discussões mais polêmicas que existem hoje no futebol, é a prática do esporte em gramado sintético. Aqui no Brasil, esse tipo de campo vem, pouco a pouco, tomando o lugar do tradicional campo de grama natural. Há quem seja a favor e quem seja contra, com argumentos válidos para os dois lados.

No entanto, na contramão da moda aderida por diversos clubes do futebol brasileiro, as principais Ligas da Europa estão proibindo os campos artificiais. Até mesmo na MLS, pioneira a aplicar esta medida, apenas duas equipes ainda mantêm gramados desse tipo.

Baixo custo e sustentabilidade

No Brasil, três clubes de Série A adotaram os gramados artificiais em seus estádios, são eles: o Athlético Paranaense (Arena da Baixada), o Palmeiras (Allianz Parque) e o Botafogo (Nilton Santos), sob a justificativa de mais resistência do terreno em qualquer condição climática, baixa necessidade de irrigação (sustentabilidade) e baixo custo com manutenção e eventual reposição.

Vale lembrar que na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, o gramado é híbrido, a exemplo do Estádio Luzhniki, que em 2018, foi o primeiro campo híbrido a ser palco de uma final de Copa do Mundo, com 95% de grama natural e 5% de grama artificial.

Por que as principais Ligas estão contra o campo sintético?

A moda do gramado artificial, que parecia ter chego para ficar, está sofrendo uma reviravolta nos últimos tempos. A Premier League, principal e maior Liga de futebol do mundo, proíbe em seu regulamento o uso desse tipo de campo. A Eredivise (primeira divisão da Holanda), no último mês, baniu os campos artificiais e determinou que os clubes que têm gramado sintético devem se adequar às novas regras a partir da temporada de 2025/2026.

Os holandeses alegam que os gramados artificiais estavam afastando os jogadores de alto nível de suas competições, além da percepção pelos atletas de maior risco de lesão e a diferença no rolar da bola, que alteraria a rapidez e a dinâmica do jogo. Outros países que sediam as principais Ligas europeias, como Espanha, Itália, Alemanha, França e Portugal não possuem gramados totalmente sintéticos.

A FIFA e a CBF permitem o uso da grama sintética?

Tanto a FIFA quanto a CBF permitem o uso do campo artificial. A FIFA ainda estabelece regras e instruções para sua aprovação. A CBF, apesar de já ter proibido gramados sintéticos no Brasileirão, em decisão tomada em 2017, logo no ano seguinte voltou atrás e liberou o uso desse tipo de campo.

A medida, na época, afetou apenas o Athlético Paranaense, único clube brasileiro até então com campo sintético, mas que agora tem a companhia de Palmeiras, desde 2020 e do Botafogo, desde o início de 2023.

Ex-jogadores e especialistas divergem sobre o assunto

Recentemente, os ex-jogadores Zico e Dodô deram declarações contrárias aos campos de grama sintética. Para eles, existe uma significativa diferença entre o futebol jogado na grama natural e na artificial, prejudicando a exibição da partida.

Já para o jornalista Mauro Cezar Pereira, essa prática está mais para solução do que problema. O colunista do UOL afirmou que a tecnologia empregada nesses gramados é muito grande e que o campo do Athlético Paranaense, por exemplo, é melhor que muitos gramados naturais ruins que existem por aí.

É perfeitamente possível compreender as justificativas que levam os times a adotarem os campos artificiais, sobretudo a financeira, na medida em que clubes considerados pequenos possuem baixo orçamento para manutenção de um gramado natural de qualidade. Entretanto, esse não é o caso dos três clubes citados.

Reconhecidamente entre os maiores do futebol brasileiro, Athlético Paranaense, Palmeiras e Botafogo atualmente têm condições de sobra para investir em um bom gramado natural. Ao mesmo tempo, a CBF, na condição de entidade que organiza os campeonatos disputados no Brasil, poderia seguir a linha das maiores Ligas europeias e determinar uma padronização dos gramados da Série A e B, considerando a condição econômica do futebol brasileiro e visando a melhora na qualidade do espetáculo.

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