Após seis anos, VAR no Brasil segue sendo usado de forma errada

Felipe Moreira
Felipe Moreira
Felipe Moreira é um apaixonado por esportes, sobretudo futebol. É formado em Direito e cursa jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi.
Foto: Júlio César Costa

O Árbitro Assistente de Vídeo, mais conhecido como VAR, foi implementado para auxiliar a arbitragem, sobretudo para análise de lances capitais, como impedimentos e pênaltis. Até que demorou para o futebol aderir ao “árbitro de vídeo”, já que, há tempos, acompanhamos outros esportes, como vôlei e tênis, em que revisões de alguns lances podem ocorrer com a ajuda da tecnologia. Na NBA, desde 2003, os árbitros podem solicitar a ajuda de replays para a marcação de jogadas duvidosas.

No Brasil, o VAR é utilizado desde a final da Copa do Brasil de 2018 e, desde então, tem gerado muitas polêmicas. No início, a demora excessiva para revisão dos lances beirava o absurdo, já que os jogos chegavam a ficar paralisados quase 10 minutos para que a decisão final fosse tomada. Hoje em dia, admite-se que houve uma significativa melhora nesse sentido, contudo, o problema maior agora são as intervenções excessivas do VAR nas decisões do árbitro de campo.

De acordo com as regras, o VAR deveria entrar em ação em quatro situações: 1) lances de penalidades; 2) para verificar se houve algum tipo de infração quando um gol for marcado – impedimento, falta, a bola entrou ou não; 3) identificação equivocada de um jogador e 4) cartão vermelho.

No entanto, o que mais é visto aqui no Brasil, são os árbitros de campo sendo chamados pelo VAR para checar lances interpretativos e, na maioria das vezes, os árbitros de campo acabam alterando suas decisões de maneira confusa, gerando indignação e estresse em todos que estão envolvidos no jogo, seja trabalhando, torcendo ou apenas acompanhando por entretenimento.

Jogadas como faltas em que os árbitros interpretam como para advertência com cartão amarelo ou pênaltis não marcados estão sendo revisados constantemente. No momento da revisão, o lance é repassado em câmera lenta infinitas vezes e por diversos ângulos, até que o juiz se convença de que a jogada foi ríspida o bastante para que a cor do cartão seja alterada para vermelho ou que o toque no jogador, por mais sutil que tenha parecido na primeira vez em que foi visto a olho nu, foi o suficiente para que a penalidade máxima seja marcada.

Com a vinda do VAR, acreditava-se que os erros de arbitragem, ou pelo menos a maioria deles, acabariam e que não haveriam mais placares injustos no futebol. Entretanto, após seis anos de uso do VAR aqui no Brasil, vê-se que isto está longe de ocorrer, já que a tecnologia é operada também por árbitros, que além de serem passíveis de erros, são, na maioria, ruins, portanto, têm más interpretações, mesmo após reverem o lance inúmeras vezes.

Não é o caso de protestar pelo fim do VAR ou do auxílio de tecnologia nas decisões da arbitragem, seja em qualquer esporte. A modernidade é inevitável e ela pode sim ser útil ao futebol. Entretanto, já passou da hora da CBF e de sua Comissão de Arbitragem darem um basta no intervencionismo excessivo do VAR em lances interpretativos.

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