Apesar da desigualdade, popularidade do futebol feminino está crescendo cada vez mais

Felipe Moreira
Felipe Moreira
Felipe Moreira é um apaixonado por esportes, sobretudo futebol. É formado em Direito e cursa jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi.
Créditos: Reprodução

Durante muito tempo e até os dias de hoje, o futebol feminino é alvo de uma série de preconceitos. Aqueles que o criticam dizem que as partidas são chatas e fracas tecnicamente em comparação ao futebol masculino e as jogadoras são vistas de forma estereotipada por não performarem uma “feminilidade” imposta pela maioria da sociedade.

Mesmo assim, a modalidade evolui cada vez mais e mostra que já se tornou uma atração de qualidade. Não é à toa que a Copa do Mundo Feminina está sendo televisionada para o mundo todo e tem batido recordes de audiência. Com uma audiência mundial de mais de um bilhão de espectadores, é um dos maiores eventos esportivos do planeta.

Diferença de investimento e proibição por lei

Os críticos do futebol feminino analisam a categoria como se esta estivesse em pé de igualdade com a dos homens, o que não é verdade. A diferença de investimentos de uma modalidade para outra é abissal. No ano passado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que destinou cerca de R$ 105 milhões no total e 25 milhões aos times que disputam a Série D do campeonato brasileiro, enquanto repassou cerca de R$ 15 milhões para o Brasileirão Feminino, distribuindo R$ 5 milhões diretamente aos 16 clubes participantes.

Um fator histórico, ignorado pelos analistas que desaprovam o futebol feminino, também impediu que o esporte se tornasse tão popular quanto o masculino: uma lei que proibia sua prática pelas mulheres durou desde 1941 até 1979. As mulheres foram segregadas do esporte sob a justificativa de que a atividade era incompatível com a “natureza” de seus corpos.

Os tempos eram outros e evoluímos de lá para cá, mas é inegável que o preconceito sofrido pelas mulheres atrasou o desenvolvimento do gênero feminino do esporte. Mesmo com a queda da proibição em 1979, somente em 2019 os clubes da Série A foram obrigados e terem equipes femininas, o que mostra que apesar da melhora, ainda estamos longe do ideal.

Qualidade do jogo cada vez melhor

Discussões entre os atletas, “empurra-empurra”, excesso de reclamação com os árbitros, “cera”, simulações e dramatizações teatrais em jogadas normais… Estas são situações que acontecem inúmeras vezes em uma partida de futebol disputada entre homens. Nem é preciso dizer que isso tudo impede que o jogo flua, que a bola role por mais tempo do que fique parada e que prejudica o espetáculo.

No entanto, nada disso é visto nos jogos disputados entre mulheres. Parece até improvável de tanto que essas condutas, que não fazem parte do jogo, foram incorporadas pelos homens, mas a Copa do Mundo Feminina está mostrando que é possível que um jogo de futebol seja disputado somente na bola. A qualidade do jogo e o nível técnico das atletas está cada vez melhor. A seleção brasileira, por exemplo, mostrou um grande repertório em sua estreia goleando o Panamá. O terceiro gol, marcado por Bia Zaneratto, após linda troca de passes, é a prova disso.

Apesar do avanço, luta por igualdade e respeito continua

Apesar do crescimento do esporte e do avanço nos últimos anos, a luta das mulheres continua. A disparidade de salários entre mulheres e homens no futebol ainda é uma realidade. As jogadoras de futebol recebem o mesmo, ou menos, em um ano, do que os jogadores recebem em um mês. A igualdade de prêmios em dinheiro também está longe. Na Copa do Mundo de 2022, os homens receberam cerca de US$ 440 milhões, enquanto as mulheres receberão US$ 110 milhões em 2023.

Fora de campo, porém, é bom que se diga que, ao contrário da ala masculina, nenhuma das nossas jogadoras estampam as manchetes dos jornais e são processadas por sonegarem impostos ou praticarem crimes sexuais. Mesmo não sendo os melhores exemplos a serem seguidos, são os homens que recebem toda a atenção e dinheiro quando o assunto é futebol. As mulheres ainda precisam dedicar sua energia não só dentro de campo, mas também fora dele, na luta por igualdade e respeito

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