Flamengo dá vexame na Libertadores e escancara má gestão do departamento de futebol

Felipe Moreira
Felipe Moreira
Felipe Moreira é um apaixonado por esportes, sobretudo futebol. É formado em Direito e cursa jornalismo na Universidade Anhembi Morumbi.
Créditos: Reprodução

Muito tem se falado, nos últimos anos, sobre a boa gestão administrativa e financeira do Flamengo. E com razão. Num passado recente, o rubro negro se notabilizou por ter gestões que priorizam a saúde financeira do clube.

Por um bom período, deixou de fazer grandes contratações, para focar na diminuição de suas dívidas e aumento de suas receitas. Com times modestos durante esse tempo, ficou fora do protagonismo do futebol brasileiro. Porém, agora, está colhendo os frutos dessas boas administrações. Com dinheiro de sobra para investir no futebol, o Flamengo recheou o seu elenco de estrelas que lhe trouxeram vários títulos.

Mas o futebol não é tão simples assim. Por ser talvez o único esporte coletivo que permite que times inferiores tecnicamente se sobressaiam, é necessário ter muita atenção aos inúmeros detalhes que podem decidir um jogo. No caso do Flamengo, não parece que há muito cuidado nesse sentido.

A eliminação ainda nas oitavas de final da Libertadores para o Olímpia (PAR) escancarou a má gestão do departamento de futebol do clube e a crise, que vinha sendo contida desde o início do ano, agora explodiu de vez na Gávea.

Algumas decisões tomadas pelo clube, desde o fim do ano passado, são no mínimo questionáveis. A demissão do técnico Dorival Júnior, que havia sido campeão da Copa do Brasil e da Libertadores na temporada passada, foi inexplicável. Mais estranho ainda foi a decisão de colocar o português Vitor Pereira em seu lugar, que havia acabado de sair do Corinthians sem conquistar nenhum título. Não deu certo e o treinador foi demitido após vexames no Mundial de Clubes e no Campeonato Carioca.

Para completar, a diretoria resolveu fazer uma aposta bem arriscada ao trazer o controverso treinador argentino Jorge Sampaoli, conhecido por não se dar muito bem com seus atletas. Novamente deu errado e agora com requintes de crueldade. Além da eliminação na Libertadores, o preparador físico de Sampaoli, Pablo Fernández, deu um soco na cara de Pedro, após um ato de indisciplina do jogador. O preparador acabou demitido e Pedro, insatisfeito no clube, pediu para ser negociado.

Nesse clima extremamente conturbado, o Flamengo foi ao Paraguai enfrentar o Olímpia, pelo segundo jogo das oitavas de Final da Libertadores, podendo empatar para se classificar. O rubro negro até começou bem e fez 1×0, mas cometeu muitas falhas e, sem oferecer muita resistência, viu os paraguaios marcarem três gols de cabeça e agora está fora da maior competição do ano de forma precoce.

Como dito anteriormente, o futebol não é simples e permite que o improvável aconteça, até com certa frequência. O Olímpia, além de ter um time inferior ao do Flamengo, vem de uma profunda crise, com salários atrasados, desentendimento entre jogadores e diretoria, mudança recente de técnico e até transfer ban – penalidade aplicada pela FIFA, que proíbe a inscrição de novos jogadores em casos de clubes que não cumprem com os pagamentos das transações internacionais.

Além de tudo isso, o clube paraguaio possui um orçamento mensal de U$ 500 mil para o futebol (cerca de R$ 2 milhões). O salário de apenas dois jogadores do Flamengo cobre todo o investimento que o Olímpia é capaz de fazer.

Com esse cenário, a classificação do Flamengo era obrigação e dada como certa pela imprensa esportiva. Mas o Olímpia não é qualquer time. Tricampeões da Libertadores (1979, 1990 e 2002), os paraguaios se mobilizaram para o confronto. Jornalistas que estiveram no Defensores del Chaco relataram a imensa pressão da torcida, que soltou rojões e fogos de artifícios e apoiou os 90 minutos, não parando de cantar nem mesmo quando o Flamengo abriu o placar – algo que não é visto nas elitizadas arenas brasileiras, diga-se.

Toda essa mobilização por parte dos paraguaios não foi vista nos brasileiros, o que mostra que o Flamengo deveria repensar seu departamento de futebol. De nada adianta ter bons profissionais na parte administrativa do clube, se o futebol é tocado por amadores e maus profissionais.

O resultado dessa combinação estamos vendo nesta temporada: um dos times mais ricos da América do Sul não conseguiu chegar à final do Mundial de Clubes, perdeu de goleada para um dos seus maiores rivais na final do Carioca e caiu precocemente na Libertadores. Agora, resta-lhe o Campeonato Brasileiro, mas ao que tudo indica, acabará tendo que assistir outro rival seu levantando a taça.

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